A Turquia exigiu nesta sexta-feira, 26, da Arábia Saudita a extradição dos 18 detidos por envolvimento no assassinato do jornalista Jamil Khashoggi. “Entreguem todos para nós. Aqui, vamos julgá-los corretamente”, disse o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Ele também afirmou que descobriu mais detalhes da morte do jornalista e pressionou o governo saudita a revelar quem deu as ordens para matá-lo.

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Na sexta, Erdogan sugeriu que poderia divulgar mais evidências sobre o caso no futuro. “Acima de tudo, queremos saber quem deu a ordem para o crime”, disse o presidente.

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A promotoria turca pediu nesta sexta oficialmente à Arábia Saudita que extradite os 18 sauditas envolvidos. Uma autoridade da Turquia justificou o pedido dizendo que Khashoggi foi assassinado por sauditas que viajaram para a Turquia e também porque o sistema judicial na Turquia “está mais bem equipado para realmente servir à causa da Justiça neste caso”.

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Os comentários de Erdogan em Ancara marcam a última tentativa da Turquia de pressionar a Arábia Saudita para esclarecer um crime que provocou condenação global e levou os países a reavaliarem seus laços com o governo saudita.

Autoridades americanas e europeias dizem que a operação que matou Khashoggi – envolvendo uma equipe de agentes sauditas – provavelmente não teria ocorrido sem o conhecimento dos líderes do reino, incluindo o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.

Após a morte de Khashoggi no consulado saudita, no dia 2, a Arábia Saudita ofereceu explicações diferentes para o que aconteceu. Primeiro, disse que Khashoggi saiu ileso do prédio. Dias depois, afirmou que sua morte resultou de uma briga dentro do consulado. Na quinta-feira, o governo reconheceu pela primeira vez que a operação foi “premeditada”. Na sexta, Erdogan não mencionou a nova versão do crime, mas criticou os primeiros relatos sauditas como “cômicos”.

“Essas declarações infantis não coincidem com a gravidade do caso”, disse Erdogan. A Turquia lançou uma extensa busca pelos restos mortais de Khashoggi e seu paradeiro é uma das principais questões pendentes no caso.

Segundo Erdogan, o promotor-chefe da Arábia Saudita chegará neste domingo, 28, a Istambul para ajudar na investigação. “Houve uma declaração de que ele foi morto, mas onde está o corpo? Vocês devem mostrá-lo”, disse o presidente da Turquia.

Para Erdogan, no poder desde 2003, o crime ofereceu a oportunidade de pressionar a Arábia Saudita, um de seus rivais regionais, e enfraquecer a credibilidade do príncipe herdeiro. Esta semana, Bin Salman chamou o assassinato de “crime hediondo”.

Pressão externa

Tanto Mohamed quanto seu pai, o rei Salman, disseram ao presidente Donald Trump e ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que esteve na Arábia Saudita na semana passada, que não tinham conhecimento de um plano para matar Khashoggi.

Ainda assim, o governo americano está sob pressão para tomar medidas contra o reino, embora a aliança dos EUA com os sauditas tenha sido um pilar de sua estratégia no Oriente Médio para combater o Irã. Trump disse que o assassinato de Khashoggi foi “um dos piores acobertamentos da história”.

A noiva turca de Khashoggi, Hatice Cengiz, disse na sexta que ele já havia comentado sobre a necessidade de entrar em contato com autoridades turcas caso algum problema ocorresse com ele. Segundo Hatice, Khashoggi pensou que não seria interrogado ou preso na Turquia, embora estivesse preocupado com possíveis tensões quando entrasse no consulado em Istambul.

Convite

Em entrevista à emissora turca Haberturk, ela disse que Khashoggi não queria ir ao consulado saudita, mas foi obrigado porque precisava obter documentos para seu casamento. Hatice explicou que o noivo já lhe havia pedido que entrasse em contato com Yasin Aktay, um conselheiro do presidente da Turquia, se fosse necessário. A noiva do jornalista afirmou que esperou do lado de fora do consulado. “Eu comecei a tremer quando percebi que algo tinha acontecido com ele”, contou.

Hatice disse também que recebeu telefonemas de Trump e de Pompeo. Durante a conversa, ela foi convidada pelo presidente americano para visitá-lo, mas ela recusou.

“Só aceitarei se Trump estivesse disposto a fazer uma contribuição genuína para a investigação”, disse. O convite, segundo ela, foi “uma frase proferida para ganhar a simpatia do público”. (Com Agências Internacionais)