Subiu para 49 o total de militares presos na Turquia, acusados de planejar um golpe para depor o governo local, de acordo com informações da rede CNN. A ação reascendeu os temores de que uma nova crise política tome conta do país, sob comando do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, pelas iniciais em turco), de raízes islâmicas.
“Nossas forças de segurança iniciaram um processo de detenções e, até o momento (meio da tarde), o número de presos é de mais de 40”, afirmou, em Madri o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante visita oficial à Espanha. De acordo com a CNN, 49 militares foram presos, dos quais 17 são generais da reserva.
Entre os detidos na operação – que ocorreu simultaneamente em oito cidades – estão Ibrahim Firtina, ex-comandante da Força Aérea; Ozden Ornek, ex-comandante da Marinha; e Ergin Saygun, ex-subcomandante do Estado Maior. O general Ilker Basbug, chefe das Forças Armadas turcas, adiou uma viagem que faria ao Egito por causa das prisões.
O Exército se tornou uma espécie de guardião dos princípios seculares na Turquia – implementados por Mustafá Kemal Ataturk há mais de oito décadas – e, desde 1960, já derrubou quatro governos. A imagem dos militares já foi prejudicada anteriormente, quando o Exército foi acusado de tentar depor o governo de Erdogan, a quem acusa de “enfraquecer” o secularismo no país, de predominância muçulmana.
Os oficiais detidos hoje são acusados de terem vínculos com uma rede ultranacionalista que pretendia semear o caos na Turquia com atentados e assassinatos políticos para assim justificar uma intervenção militar contra o governo de Erdogan.
Segundo a imprensa turca, a trama – negada pelos militares – vinha sendo planejada desde 2003 e tinha como objetivo pôr bombas em mesquitas e museus de Istambul para criar pânico no país. Outra ação planejada seria o abatimento de um avião de guerra turco para dar início a um conflito armado com a Grécia e desestabilizar o governo.