Turquia e Israel mantiveram conversas secretas para buscar formas de superar uma forte crise na relação bilateral, afirmaram hoje funcionários. O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, e o ministro israelense do Comércio, Benjamin Ben Eliezer, reuniram-se em Bruxelas, na Bélgica, onde Davutoglu fazia uma visita para discutir a tentativa de seu país de integrar a União Europeia (UE).
As conversas foram feitas “a pedido de Israel”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Turquia. Relatos da imprensa afirmam que os Estados Unidos, preocupados com a divergência entre seus dois principais aliados no Oriente Médio, estavam envolvidos na organização da reunião.
Foi o primeiro encontro em nível ministerial entre os países desde que as relações entre os outrora aliados entrou em uma crise, quando tropas israelenses interceptaram, em 31 de maio, uma flotilha humanitária que levava ajuda à Faixa de Gaza. A ação israelense deixou nove ativistas turcos mortos, um deles também com cidadania norte-americana.
Davutoglu disse a Ben Eliezer que a Turquia espera que Israel se desculpe pela ação, pague compensações às famílias das vítimas e concorde com uma investigação internacional sobre a ação. Também pediu a Israel o fim do bloqueio na Faixa de Gaza. Um funcionário do escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou apenas que Ben Eliezer se reuniu ontem com “um funcionário turco”.
Um jornal da Turquia afirmou que “o campo para as conversas secretas havia sido lançado” em um encontro na semana passada entre o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente dos EUA, Barack Obama, em Toronto, no Canadá. O encontro foi motivo de tensão, pois Netanyahu autorizou essa reunião sem informar o ministro das Relações Exteriores israelense, o linha-dura Avigdor Lieberman.
Um funcionário de Israel, que pediu anonimato, disse que o encontro entre os ministros sem o chanceler israelense ser informado é algo “realmente ofensivo”. Em comunicado divulgado no fim do dia de ontem, o escritório de Lieberman qualificou o fato como “um insulto às normas de comportamento aceitável e um forte revés para a confiança entre o ministro das Relações Exteriores e o primeiro-ministro”. Já o escritório do premier atribuiu o problema de coordenação a “razões técnicas”. As informações são da Dow Jones.