Turquia critica lei francêsa sobre guerra com armênios

Ancara, 17 – O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, fez fortes críticas à França por causa de um projeto de lei que tornará crime negar que a matança de armênios pelo Império Otomano, durante a I Guerra Mundial, tenha constituído genocídio. Em entrevista coletiva que concedeu acompanhado por Mustafa Abdul Jalil, presidente do Conselho Nacional Transitório da Líbia, Erdogan disse que a França deveria investigar sua própria história “suja e sangrenta” em lugares como a Argélia e Ruanda.

Em 22 de dezembro, a Assembleia Nacional francesa deverá debater um projeto de lei segundo o qual negar que houve o massacre de armênios pelos turcos otomanos passará a ser crime, punível com até um ano de prisão e multa de ? 45 mil; a legislação é igual à que vale desde 1990 para quem nega o Holocausto dos judeus pela Alemanha nazista.

Historiadores estimam que até 1,5 milhão de armênios foram mortos por tropas do Império Otomano em decomposição, em 1915; a França reconhece esse episódio como genocídio desde 2001. O assunto é delicado na Turquia, onde as autoridades argumentam que as estimativas do número de vítimas são exageradas e que houve mortes dos dois lados, pois havia uma guerra civil em andamento.

“Nenhum historiador, nenhum político pode ver genocídio em nossa história. Aqueles que querem ver genocídio deveriam olhar para sua própria história suja e sangrenta”, disse Erdogan. Para ele, “a Assembleia Nacional francesa deveria esclarecer o caso da Argélia e o de Ruanda”, disse Erdogan. Estima-se que tropas francesas tenham matado 45 mil pessoas na Argélia em 1945, ao tentar impedir a independência de sua então colônia; em Ruanda, tropas francesas são acusadas de não ter feito nada para impedir o conflito entre hutus e tutsis, em 1994, que deixou 800 mil mortos.

Erdogan também afirmou que o projeto de lei francês é “populista” e sugeriu que o governo do presidente Nicolas Sarkozy pode estar tentando conquistar os votos dos franceses descendentes de armênios na eleição presidencial de 2012.

Uma delegação de parlamentares turcos deve chegar à França neste domingo, para pressionar seus colegas franceses a votarem contra o projeto. (AE-AP)

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