A Turquia advertiu hoje o presidente da França para que não transforme em lei um projeto que criminaliza a negação de que as mortes de armênios pelos turcos otomanos, há quase um século, tenham sido um genocídio, afirmando que implementará medidas de retaliação contra Paris nesse caso. O Parlamento da França aprovou a lei no fim da segunda-feira, complicando a já delicada relação entre as nações. Autoridades do governo francês insistem que a lei não tem como alvo direto o país.

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A Turquia vê as acusações de genocídio como uma ameaça à honra nacional e já suspendeu laços militares, econômicos e políticos com Paris. No mês passado, convocou seu embaixador na França, após a Câmara Baixa do Parlamento aprovar a mesma lei.

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan afirmou que a lei era resultado de uma atitude “racista e discriminatória” em relação à Turquia. Ele afirmou que a Turquia tomará sanções, não especificadas, caso a França confirme o projeto como lei. “Para nós, isso é nulo e vazio”, afirmou Erdogan. “Nós nunca perdemos nossa esperança de que ela pode ser corrigida.”

Sarkozy, cujo partido apoia a lei, precisa firmar o texto para transformá-lo em lei. Alguns críticos dizem que a lei é encampada por Sarkozy para ganhar votos em ano de disputa presidencial. Há cerca de 500 mil pessoas de origem armênia vivendo na França.

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“Como ministro das Relações Exteriores, eu acho que essa iniciativa foi um pouco inoportuna. Mas o Parlamento decidiu assim. O que gostaríamos de fazer hoje pedir a nossos amigos turcos que mantenham sua compostura”, afirmou o chanceler Alain Juppé em entrevista ao canal Plus TV.

As relações bilaterais já estão em um momento delicado, em grande parte pois Sarkozy rejeita a entrada da Turquia na União Europeia. O Senado aprovou a lei por 127 a 86 no fim da segunda-feira, com 24 abstenções. A medida estabelece pena de até um ano de prisão e multa de 45 mil euros (US$ 59 mil) para aqueles que negarem ou “minimizarem de maneira ultrajante” o genocídio.

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Muitos historiadores afirmam que as mortes de 1,5 milhão de armênios em 1915 pelo Império Otomano foram o primeiro genocídio do século XX, e vários países europeus qualificam os fatos dessa maneira. A Suíça já condenou pessoas por racismo, por elas negarem o genocídio. Já a Turquia afirma que não houve uma campanha sistemática para matar os armênios e que muitos turcos também morreram, na caótica desintegração do império. As informações são da Associated Press.