Os turcos foram às urnas hoje para decidir se a Constituição de 1982 receberá 26 emendas. O governo afirma que a medida colocará a Turquia no caminho de uma democracia de estilo europeu, embora a oposição afirme que as reformas propostas vão retirar a independência do Judiciário.
A atual Constituição foi escrita após um golpe militar em 1980 e tornou-se um campo de batalha entre o governo de orientação islâmica e as elites tradicionais, que acreditam que os princípios seculares da Turquia estão sob ameaça. O resultado do plebiscito vai definir o cenário para as eleições marcadas para o ano que vem.
Em províncias com grandes populações curdas ocorreram confrontos de rua nas proximidades de várias seções eleitorais. Um partido curdo pediu que os eleitores boicotassem o plebiscito, afirmando que as mudanças propostas não trarão avanços para a minoria étnica.
Em todo o país, a polícia deteve 120 pessoas suspeitas de ameaçar pessoas para que boicotassem o pleito ou para que votassem pelo “sim” ou pelo “não”, informou o ministro do Interior, Besir Atalay.
Em Ancara, a capital turca, o presidente Abdullah Gul pediu harmonia. “A partir de amanhã, a Turquia precisa se unir como um só país e olhar para frente. A Turquia deve concentrar toda a sua energia nas questões que seu povo está enfrentando e no futuro da nação”, disse ele após votar. “O povo tem a palavra final nas democracias. Eu gostaria de pedir a todos que aceitem o resultado (do referendo) com respeito e maturidade.
As seções eleitorais fecharam às 16h (horário local, 10h em Brasília) no leste turco e serão fechadas às 17h (horas, 11h em Brasília) em outras partes do país. Os resultados devem sair à noite. Cerca de 50 milhões de turcos, dois terços da população, estão aptos a votar. Algumas pesquisas indicam que as emendas serão aprovadas enquanto outras indicam uma disputa acirrada.