Considerada a joia da Primavera Árabe, por ter conseguido consolidar um governo democrático após a queda do ex-ditador Zinedin el Abedin Ben Ali, em 2011, a Tunísia foi às urnas neste domingo, 15, em sua segunda eleição livre para eleger o novo presidente do país. Com 26 candidatos, a corrida presidencial incerta foi marcada por promessas de prosperidade econômica, em um país com altos índices de desemprego, além do descrédito da população na classe política, levando à ascensão de “outsiders”.
O número de votantes é um reflexo da desconfiança dos tunisianos. Pouco mais de 45% dos 7 milhões de eleitores compareceram às urnas neste primeiro turno, em comparação à presença de 64% nas eleições de 2014, segundo confirmou no domingo a Instância Superior Independente Eleitoral (Isie), organizadora das eleições no país.
O número foi considerado “aceitável” ao fim do pleito, mas chegou a assustar as autoridades durante o domingo. Horas antes do encerramento das urnas, o chefe da comissão eleitoral, Nabil Baffoun, pediu aos tunisianos para que saíssem para votar, já que três horas antes do fechamento das urnas somente 28% dos eleitores haviam votado.
Os resultados serão divulgados na terça-feira, 17, mas duas pesquisas de boca de urna apontaram na noite de domingo o professor universitário Kais Saied à frente, com 19 % das intenções de voto, seguido do magnata da televisão Nabil Karoui, com 15%. Abdelfattah Mourou, o primeiro candidato do partido conservador Ennahdha, ligado ao islamismo, ficou em terceiro lugar de acordo com as pesquisas, com 12% dos votos, seguido do primeiro-ministro Youssef Chahed, com 8%.
Karoui, conhecido como o “Berlusconi” da Tunísia, foi preso no dia 23 de agosto sob acusação de lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Ele era apontado como um dos favoritos desde o início do ano e foi proibido de sair da prisão para fazer campanha eleitoral.
Dono da TV Nessma, uma das maiores emissoras da Tunísia, Karoui ganhou popularidade entre os mais pobres, já que frequentemente era filmado distribuindo presentes para populações carentes, especialmente no período de campanha, quando a emissora o acompanhou em todos os compromissos. Ele acusa o premiê Chahed de ter articulado sua prisão, para que perdesse força na corrida eleitoral.
Já Saied, o “outsider” apontado por enquanto como o líder na corrida, foi apelidado de “Robocop”. Sua fala rebuscada e expressão facial inerte são consideradas suas marcas. Ele concorre sem estar afiliado a um partido, e usou como propaganda o fato de ter feito uma campanha barata, sem grandes viagens, batendo de porta em porta para angariar votos.
O segundo turno da eleição deve ocorrer no dia 13 de outubro. Antes disso, no dia 6, os tunisianos voltam às urnas para escolher os membros do Parlamento. (Com agências internacionais).