O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse que seu país não tem como pagar o serviço de sua dívida e vai buscar um empréstimo-ponte – e não uma prorrogação do programa de ajuda financeira com a União Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI, informa a BBC.

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Discursando no Parlamento grego em Atenas, Tsipras também afirmou que seu governo cai cumprir todas as promessas feitas na campanha eleitoral, inclusive a anulação de algumas das medidas de austeridade adotadas pelo governo anterior como condição para que o país obtivesse ajuda financeira, e que levaram a taxa de desemprego a superar os 25%. O primeiro-ministro disse que a Grécia precisa respeitar as metas fiscais prometidas aos credores, mas ressalvou que a revogação das medidas de austeridade é uma “questão humanitária”.

“Nossa decisão irreversível é implementar totalmente nossas promessas eleitorais. A maior prioridade é tratar das grandes feridas causadas pelo pacote de ajuda e lidar com a crise humanitária”, disse Tsipras, destacando que isso incluirá subsidiar alimentos eletricidade para as pessoas mais atingidas pela crise econômica, reabrir a emissora de televisão pública fechada pelo governo anterior, restaurar o emprego de funcionários públicos “demitidos ilegalmente”, elevar o salário mínimo gradualmente para ? 751 até 2016.

Tsipras também anunciou a criação de um novo imposto sobre grandes propriedades, a criação de um novo ministério para supervisionar o combate à corrupção e à evasão de impostos, o corte do uso de carros e aviões pelos ministérios, e a criação de um fundo de pensão reunindo receita proveniente da exploração de recursos naturais.

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“O programa de ajuda financeira fracassou. Não se justifica que o governo busque uma prorrogação, porque não pode pedir uma prorrogação de erros”, disse Tsipras. Segundo ele, a Grécia quer pagar o serviço de sua dívida. “Se nossos parceiros querem o mesmo, eles estão convidados a vir à mesa de conversações, de modo que possamos discutir como tornar isso viável”, acrescentou.

O atual programa de crédito para a Grécia termina em 28 de fevereiro. A liberação de uma tranche final de ? 7,2 bilhões ainda depende de uma revisão do cumprimento das exigências da troica (UE, BCE e FMI) pela Grécia; antes mesmo de essas negociações terminarem, porém, o BCE cortou o acesso dos bancos gregos a crédito barato, ao suspender a permissão para que eles usem títulos da dívida pública grega como colaterais para obter empréstimos.

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Entre os países mais intransigentes na rejeição das propostas apresentadas até agora pelo governo Tsipras está a Alemanha. Em seu discurso no Parlamento, Tsipras só se referiu a esse país ao reafirmar que a Grécia vai continuar a exigir que a Alemanha pague reparações de guerra por ter invadido o país em 1942. “Temos uma obrigação moral com nosso povo, com nossa história, com todos os povos europeus que combateram e deram seu sangue contra o nazismo”, disse Tsipras. (Renato Martins – renatop.martins@estadao.com)