Trump propõe sanções econômicas à China e aproximação com Rússia

Líder na corrida republicana pela candidatura à Casa Branca, Donald Trump apresentou nesta quarta-feira (27) sua visão para a política externa dos EUA, na qual atacou a globalização, enfatizou o nacionalismo, afirmou que aliados terão de pagar pela segurança militar americana e ameaçou usar punições de caráter econômico para forçar a China a se alinhar aos interesses de Washington.

“É o momento de tirar a ferrugem da política externa americana”, declarou em discurso na capital dos EUA, no qual também propôs uma reaproximação com a Rússia e Vladimir Putin. Fugindo à sua prática habitual, Trump leu o texto em um teleprompter e recebeu aplausos contidos da plateia. Muitas de suas propostas representam uma mudança radical em relação aos princípios que regeram a atuação dos EUA no mundo depois da Segunda Guerra Mundial.

Trump resumiu sua doutrina com o slogan “América em Primeiro Lugar”, pela qual os interesses do país seriam sempre colocados acima dos demais. Sem mencionar o nome do republicano George W. Bush, o bilionário atacou muitas das políticas adotadas pelo último represente de seu partido a ocupar a Casa Branca. Trump disse que a Guerra do Iraque foi um desastre e que a tentativa de construir democracias no Oriente Médio fracassou. Segundo ele, os países da região não têm nenhum interesse em se tornar democracias no estilo ocidental.

Na visão de Trump, os EUA são um país enfraquecido, humilhado e desrespeitado, que precisa retomar uma posição de força global por meio da expansão de sua poderio militar e da exigência de que seus aliados contribuam financeiramente pela segurança americana. Ao mesmo tempo em que defendeu o investimento em defesa, o bilionário propôs o controle rigoroso de gastos e a redução do déficit e a dívida dos EUA, no que analistas viram como uma das inconsistências de sua proposta.

Em sua opinião, o presidente Barack Obama tem uma política externa desastrosa, que levou aliados americanos a duvidarem do comprometimento do país com sua defesa e inimigos a adotarem uma postura desafiadora em relação a Washington. Suas críticas se estenderam à sua provável adversária nas eleições presidenciais de novembro, Hillary Clinton, a quem ele enfrentará se ambos conseguirem a candidatura de seus partidos à presidência.

Apesar de defender uma política não intervencionista, Trump afirmou que não hesitará em usar forças militares quando isso for necessário. Um dos cenários em que ele vislumbra essa possibilidade é o combate do Estado Islâmico e a erradicação do radicalismo islâmico, que ele apresentou como uma “batalha filosófica”.

Trump prometeu modificar a relação dos EUA com a China a partir de uma “posição de força”. Seu objetivo é fazer com que o país asiático deixe de ter “vantagens econômicas” em relação aos Estados Unidos, entre as quais mencionou “o enorme déficit” comercial. Mas o candidato não mencionou sua proposta de impor tarifas de 45% na importação de produtos chineses.

Caso seja eleito, o bilionário pretende realizar cúpulas com os países europeus integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e os aliados americanos na Ásia. Segundo ele, os encontros terão como alvo a redefinição dos arranjos financeiros que sustentam essas alianças e a revisão de seus objetivos.

A globalização e os acordos comerciais também foram criticados pelo candidato, que os vê como responsáveis pela perda de empregos industriais nos EUA. “Eu sou cético em relação a uniões internacionais que nos engessam”, afirmou. “Nós nunca entraremos em nenhum acordo que reduza nossa habilidade de controlar nossas próprias questões.”

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