Em entrevista coletiva, o candidato republicano Donald Trump convidou a Rússia nesta quarta-feira a encontrar alguns dos e-mails desaparecidos de Hillary Clinton da época que ela era secretária de Estado. A iniciativa do empresário gerou fortes críticas de que Trump estaria pedindo que uma potência estrangeira espione os EUA.
Como parte da investigação do uso do servidor privado dela de e-mails quando estava em um cargo público, Hillary perdeu cerca de 30 mil e-mails do Departamento de Estado quase dois anos após deixar o posto. Os advogados dela deletaram outros 30 mil que avaliaram como puramente pessoais.
“Rússia, se você estiver ouvindo, eu espero que seja capaz de encontrar os 30 mil e-mails que estão desaparecidos”, ironizou o candidato republicano durante entrevista coletiva realizada em seu resort de golfe perto de Miami.
As declarações ocorreram em uma semana durante a qual os democratas acusaram a Rússia de tentar abertamente se intrometer na eleição presidencial norte-americana. As acusações também lançaram novo foco sobre as expressões de respeito de Trump em relação ao presidente russo, Vladimir Putin.
Minutos após Trump falar, a campanha dele divulgou comunicado de seu companheiro de chapa, o governador de Indiana, Mike Pence, com uma postura mais dura em relação a Moscou. Em sua nota, Pence ameaçou com “sérias consequências” se o FBI descobrir que a Rússia seria responsável por interceptar e-mails do Comitê Nacional Democrata, que foram vazados na véspera da Convenção Nacional Democrata pelo WikiLeaks. Os e-mails mostraram dirigentes partidários tramando para minar a pré-candidatura do senador Bernie Sanders.
Na Flórida, Trump em geral descartou a suspeita de que a Rússia pudesse estar por trás do vazamento de e-mails e repetiu seu desejo de relações mais próximas com um país que os EUA veem cada vez mais como hostil e repressor.
Trump foi questionado na entrevista coletiva se estava pedindo à Rússia que atuasse como hacker em relação aos e-mails de Hillary. “Isso cabe ao presidente”, respondeu ele. “Eu não vou dizer a Putin o que fazer. Por que eu deveria dizer a Putin o que fazer?”, questionou. Fonte: Dow Jones Newswires.