O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cancelou uma visita oficial à Dinamarca, em meio à polêmica sobre o interesse americano em comprar o território autônomo da Groenlândia.
Antes do anúncio do cancelamento da viagem, prevista para o início do mês que vem, Trump havia retirado de sua agenda uma reunião com a premiê do país, Mette Frederiksen, justamente porque ela disse que a ilha “não estava à venda”.
“A Dinamarca é um país muito especial com pessoas incríveis, mas, com base nos comentários da premiê Mette Friedriksen, de que ela não tem interesse em discutir a compra da Groenlândia, eu adiarei para outra ocasião nosso encontro previsto para acontecer em duas semanas”, publicou Trump em sua conta no Twitter.
“A premier economizou gastos e esforços de EUA e Dinamarca ao ser tão direta. Eu agradeço e espero remarcar (o encontro) para algum momento no futuro.”
O interesse de Trump em comprar a Groenlândia foi revelado em reportagem do Wall Street Journal , na semana passada. Segundo o jornal, o presidente fez uma série de consultas a advogados da Casa Branca sobre a viabilidade da operação.
A ideia, segundo o WSJ, teria surgido após Trump ouvir, em um jantar, que a Dinamarca estava com dificuldades financeiras para manter a ilha, com 2,2 milhões de quilômetros quadrados quase que inteiramente cobertos de gelo.
No domingo, Trump confirmou a história, dizendo que, apesar de não ser uma prioridade, a iniciativa seria interessante do ponto de vista estratégico. Ele ainda disse que a hipotética compra não deixaria de ser uma ” grande operação imobiliária “, se gabando de seu passado como empresário no setor.
Do lado dinamarquês, além da recusa oficial do governo, o ex-premier Lars Lokke Rasmussen , hoje na oposição, disse considerar a intenção “uma piada do Dia da Mentira, mas totalmente fora da data”.
Já a liderança da Aliança Vermelha e Verde , que integra o governo, lembrou da base militar americana de Thule , localizada na Groenlândia: “Trump pode se oferecer para pagar o aluguel pela base de Thule, que até agora foi disponibilizada para os EUA de graça.”
Os Estados Unidos já tentaram comprar a ilha em 1962 e em 1946, logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando o então presidente Harry Truman ofereceu US$ 100 milhões pelo território. A última compra de um território pelos americanos foi justamente junto à Dinamarca, quando adquiriram as Ilhas Virgens por US$ 25 milhões em ouro – algo perto de US$ 480 milhões, em valores atuais.
Ainda de acordo com o veículo, a Casa Branca já discutiu a legalidade de uma possível compra, o processo de incorporação de território e também de onde viria o recurso para a aquisição. A emissora CNN, por sua vez, apontou que Trump pediu que um advogado estudasse a possibilidade. (com agências internacionais)