Monitores da Liga Árabe reuniam relatos sobre a repressão do governo sírio contra dissidentes na cidade de Homs, região central do país, enquanto novos episódios de violência ocorriam a algumas dezenas de quilômetros de distância, afirmaram ativistas. Segundo eles, tropas abriram fogo contra milhares de manifestantes desarmados, matando pelo menos seis pessoas.
Embora o regime do presidente Bashar Assad tenha feito concessões aos observadores, dentre elas a libertação de cerca de 800 prisioneiros, o Exército avança em sua campanha para acabar com manifestações, em sua maioria pacíficas.
De acordo com ativistas, nos dois dias desde que os monitores árabes chegaram ao país as tropas mataram pelo menos 39 pessoas, incluindo seis pessoas mortas a tiros em Hama, na quarta-feira.
A continuidade do derramamento de sangue e os comentários de integrantes da Liga Árabe elogiando a cooperação da Síria levantaram preocupações entre a oposição de que a missão árabe seja uma farsa e apenas algo para desviar a atenção dos assassinatos cometidos no país.
Os opositores suspeitam que Assad esteja apenas tentando ganhar tempo e, assim, evitar mais sanções e condenações internacionais.
“Esta missão não tem qualquer mandato, nenhuma autoridade”, disse Ausama Monajed, integrante do Conselho Nacional Sírio, o principal grupo opositor do país. “O regime não se sente obrigado sequer a diminuir o números de mortos diariamente.”
Os 60 monitores, os primeiros que a Síria permitiu que entrassem no país durante o levante – que já dura nove meses -, deveriam assegurar que o regime está cumprindo os termos de um plano para encerrar a repressão que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), matou mais de 5 mil pessoas desde março.
O projeto, com o qual a Síria concordou em 19 de dezembro, exige que o regime remova suas forças de segurança e armamentos pesados das cidades, inicie conversações com a oposição e permita que trabalhadores humanitários e jornalistas entrem no país. O plano também pede a libertação de todos os prisioneiros políticos.
Na quarta-feira, o governo libertou 755 prisioneiros após a divulgação de um relatório do Human Rights Watch que acusa as autoridades sírias de esconderem centenas de prisioneiros dos monitores. As informações são da Associated Press.