Os sinais de que o regime do coronel Muamar Kadafi está desmoronando na Líbia são cada vez mais claros. Ontem, parte das Forças Armadas juntou-se aos insurgentes em grandes cidades do leste do país, como Benghazi, Tobruk e Ajdabiya, na província de Cyrenaique, que já passou às mãos dos revoltosos. Militares e mercenários estariam concentrados em um raio de 40 quilômetros de Trípoli, onde tentam garantir a sobrevida da autocracia.
Segundo organizações não governamentais, pelo menos 640 pessoas já morreram na mais violenta das rebeliões populares que estão transformando o mundo árabe. Mas testemunhas estimam esse número na casa dos milhares em todo o país.
No leste, próximo à fronteira com o Egito, o controle de imigração foi aberto e a segurança em rodovias e cidades passou a ser feita por manifestantes armados com fuzis AK-47 roubados dos arsenais ou de paus e pedras. Segundo as agências AFP e Reuters, que já ingressaram no país, soldados aliaram-se ao movimento popular em Ajdabiya, a 847 quilômetros da capital, Tobruk e Benghazi, ambas mil quilômetros a leste de Trípoli. Nessa região, vídeos registrados por insurgentes mostram prédios públicos e veículos incendiados, cartazes de Kadafi sendo destruídos e milicianos cercados por militantes.
Já em Trípoli, conforme testemunhos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a situação é diferente. Em torno da metrópole de 2 milhões de habitantes um anel foi formado pelos setores das Forças Armadas leais a Kadafi para garantir a segurança do regime. Ontem pela manhã, a situação era mais calma e não havia registros de manifestações nas ruas. A calmaria permitiu aos moradores ir às ruas buscar suprimentos. Tiros eventuais eram ouvidos, mas nenhum bombardeio teria sido realizado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.