O Tribunal Especial para o Líbano (STL), corte apoiada pelas Nações Unidas que investiga a morte do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, publicou nesta sexta-feira os nomes de quatro partidários do grupo xiita Hezbollah que são procurados sob a suspeita de matarem o ex-premiê em um atentado feito com caminhão-bomba em 2005.
Entre os suspeitos está Mustafá Amine Badreddine, que acredita-se foi vice-comandante militar do Hezbollah. Além do atentado a Hariri, existe a suspeita de que Badreddine foi o mentor do atentado com caminhões-bomba contra as embaixadas dos Estados Unidos e da França no Kuwait, em 1983.
O tribunal também acusou Salim Jamil Ayyash, Hussein Hassan Oneissi e Assad Hassan Sabra, todos eles militantes do Hezbollah. O grupo xiita atualmente desempenha um papel central no governo libanês. As breves biografias dos suspeitos não mencionam o fato de que participam do grupo xiita.
Todos foram indiciados no mês passado, mas as identidades foram mantidas em sigilo até que as autoridades libanesas fossem notificadas. O promotor do STL, Daniel Bellemare, persuadiu o tribunal de que a publicação dos nomes dos suspeitos, bem como das suas fotografias, iria aumentar as chances de captura.
O Hezbollah negou qualquer participação no atentado a Rafic Hariri e prometeu que não entregaria qualquer um dos seus partidários se um deles fosse acusado. A implicação do Hezbollah na morte de Hariri, o premiê bilionário que ajudou a reconstruir o Líbano após a devastadora guerra civil de 1975-1990, ameaçou recomeçar o conflito.
Apesar desses temores, o tribunal afirmou que levou em conta o efeito que a revelação das identidades dos suspeitos poderá ter sobre o público no Líbano. Hariri era um muçulmano sunita, comunidade que muitas vezes foi rival dos xiitas libaneses.
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, que foi escolhido pelo Hezbollah para o cargo, emitiu uma vaga promessa no começo de julho de que o Líbano respeitaria as resoluções e leis internacionais, enquanto essas não ameaçassem a segurança doméstica. Mikati é um magnata e empresário, e como Hariri, sunita.
Badreddine, atualmente com 50 anos, é cunhado do ex-comandante militar do Hezbollah, Imad Mughniyeh, morto em um misterioso atentado feito com um carro-bomba em 2008 na Síria.
O indiciamento do STL afirma que cada um dos quatro é acusado de cumplicidade no homicídio premeditado de Hariri e de mais 21 pessoas, as quais ou eram guarda-costas, pessoas que estavam na comitiva do magnata ou pedestres que por acaso estavam na avenida beira-mar de Beirute, quando o caminhão-bomba explodiu. No total, outras 231 pessoas ficaram feridas no ataque.
Ordens internacionais de prisão foram emitidas contra os quatro acusados em 8 de julho. O tribunal disse que a responsabilidade pelas detenções é do governo libanês, o qual em 11 de agosto terá que enviar um relatório sobre quais medidas tomou para tal. Após as detenções, os quatro deverão ser extraditados à Holanda para julgamento.
As informações são da Associated Press.
