O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos começou a julgar, nesta terça-feira, a rede secreta de prisões europeias que a CIA usou para interrogar suspeitos de terrorismo, revivendo memórias e questões a respeito das “rendições extraordinárias”, que irritou muitas pessoas no continente.
Durante a audiência desta terça-feira, advogados de dois suspeitos de terrorismo que estão atualmente na prisão da Baía de Guantánamo, em Cuba, acusaram a Polônia de abusos aos direitos humanos. Os advogados disseram que os suspeitos foram vítimas do programa da CIA para supostos terroristas que transferiam os suspeitos para terceiros países, além de afirmarem que seus clientes foram torturados numa distante prisão polonesa.
O caso é representa a primeira vez que o papel da Europa no programa de “rendições extraordinárias” chega ao tribunal europeu de direitos humanos. O programa da CIA, que foi colocado em prática durante o ápice da guerra contra o terrorismo durante o mandato de George W. Bush, perturbou muitos europeus.
Todas as prisões foram fechadas até maio de 2006. Interrogatórios em alto-mar substituíram os locais escolhidos pela CIA, como o método preferido do governo norte-americano de manter e interrogar suspeitos de terrorismo sem dar a eles acesso a advogados.
Um dos casos ouvidos nesta terça-feira diz respeito a Abd al-Rahim al-Nashiri, um saudita de 48 anos, que é acusado de terrorismo pelos Estados Unidos por ter, supostamente, orquestrado o ataque da Al-Qaeda contra o navio da Marinha norte-americana USS Cole em 2000, no porto iemenita de Áden. Dezessete marinheiros morreram e 37 ficaram feridos.
O segundo caso é sobre Abu Zubaydah, um palestino de 42 anos que também está preso em Guantánamo. Ele nunca foi acusado por qualquer crime.
Um relatório que deixou de ser secreto em 2009 mostra que a CIA considera al-Nashiri e Zubaydah como “detentos de alvo valor”, o que significa que eles são mantidos sob condições ultrassecretas numa sessão de Guantánamo conhecida como campo 7.
Os dois homens dizem que foram levados para a Polônia em dezembro de 2002, onde ficaram detidos e sujeitos a duro interrogatório numa instalação militar polonesa em Stare Kiejkuty, um vilarejo situado em uma área exuberante de bosques e lagos no nordeste do país.
Eles foram expostos a simulações de execuções, afogamentos e outras formas de tortura, dentre elas serem informados que suas famílias seriam detidas e vítimas de abuso sexual, afirmou a advogada de al-Nashiri, Amrit Singh. Fonte: Associated Press.