Um tribunal iraquiano desqualificou hoje 52 candidatos que participaram das eleições parlamentares – incluindo dois que conquistaram cadeiras no Parlamento – e desconsiderou os votos dados a eles, numa decisão que pode alterar o resultado do pleito de 7 de março.
Pelo menos um dos candidatos eleitos é parte da coalizão secular de Ayad Allawi, que conquistou 91 assentos ante 89 do bloco do atual primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, afirmou Saad al-Rawi, integrante de uma comissão independente que supervisiona as eleições iraquianas. Ele disse que uma força especial do tribunal, que revisou reclamações relacionadas à eleição, informou hoje sua decisão.
Porém, al-Rawi disse que ainda não está claro como a decisão poderá afetar o resultado eleitoral até que a comissão seja capaz de recalcular os resultados depois de desconsiderar os votos. Ele afirmou não esperar que a decisão afete a posição da coalizão Iraqiya, de Allawi, porque os candidatos desqualificados pela decisão conquistaram um número limitado de votos.
“O novo processo será complicado porque precisamos fazer os cálculos de novo para determinar se a decisão do tribunal terá algum efeito na distribuição dos assentos dentro do bloco”, disse al-Rawi. Ele afirmou que os novos cálculos mostram que as coalizões continuam a ter os votos para manter seus assentos, portanto, podem substituir os candidatos barrados com o seguinte da lista que recebeu mais votos.
O tribunal tomou a decisão a partir de um pedido de um controverso comitê dominado por xiitas que veta candidatos com ligações com o regime de Saddam Hussein. Um dos candidatos barrados, Ibrahim al-Mutlaq, da coalizão Iraqiya, de Allawi, qualificou a decisão judicial de manobra política para enfraquecer sua aliança.
“O objetivo é permitir que a lista de al-Maliki alcance a liderança”, disse ele, por telefone, dos Emirados Árabes Unidos. “Eu fui eleito pelo povo que depositou confiança em mim e esta decisão ignora e desrespeita a vontade do povo que votou em mim.”
Apelação
Os 52 candidatos desqualificados têm agora um mês para apelar da decisão do comitê de-Baathification, conhecido como Comitê de Justiça e Transparência. O mesmo tribunal que apoiou a proibição de candidatos também aprovou o pedido do primeiro-ministro de uma recontagem dos votos da província de Bagdá, uma decisão que, segundo o chefe da comissão eleitoral independente, também parece ser política.
Em entrevista à Associated Press, o presidente da Alta Comissão Eleitoral Independente, Faraj al-Haidari, afirmou que a recontagem foi requerida – e concedida – somente depois de a coalizão Estado de Direito do primeiro-ministro não ter conquistado a maioria das cadeiras no Parlamento. Ele disse que a exigência de uma recontagem foi “apenas um tipo de demonstração política”.
“Agora, os demais blocos políticos também vão reclamar ‘Por que eles não respondem às nossas reclamações? Por que eles respondem apenas às reclamações da Estado de Direito?'”, afirmou al-Haidari. “Nós, da comissão, consideramos incorreta a decisão tomada pelo tribunal.”