O líder oposicionista venezuelano Leopoldo López, que chamou a atenção internacional desde que foi detido no ano passado, foi sentenciado a 13 anos e nove meses de prisão. Um tribunal do país o considerou culpado por incitar a violência em protestos de rua no ano passado, segundo o governo.

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López cumprirá a sentença na prisão militar Ramo Verde, nas proximidades de Caracas, onde ele é mantido desde que se entregou às autoridades, em fevereiro de 2014. Ex-prefeito da rica municipalidade de Chacao, López é defendido pelos críticos do presidente Nicolás Maduro, que acusam o líder esquerdista de tentar silenciar os rivais políticos.

O partido Vontade Popular, de López, afirmou que o político se tornou a primeira pessoa na história do país a ser detido apenas por suas palavras. O veredicto deve elevar as tensões políticas, antes de eleições parlamentares em 6 de dezembro. Pesquisas mostram que o governo Maduro está em dificuldade, enquanto moradores lidam com a escalada da inflação, o desabastecimento de alguns alimentos e a criminalidade.

Aos 44 anos e graduado na Universidade Harvard, López foi um dos líderes das manifestações contra o governo do ano passado, que continuaram durante meses após sua prisão. No total, 43 pessoas morreram em conflitos violentos entre manifestantes e as forças de segurança oficiais.

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O escritório da procuradoria-geral afirmou que promotores usaram textos escritos por López em redes sociais para mostrar que ele incitou seus seguidores a ações violentas nas ruas e a rejeitar o governo e outras instituições do Estado venezuelano. Maduro acusou o político de ser parte de um grupo de extrema-direita que teria como objetivo derrubá-lo do poder.

O julgamento, que durou 14 meses, foi fechado ao público e à imprensa. Advogados de defesa reclamaram da parcialidade do Judiciário, que teria impedido a apresentação de provas. O tribunal admitiu ouvir apenas uma das 65 testemunhas indicadas pela defesa, enquanto permitiu que o governo apresentasse 108 testemunhas.

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O diretor para as Américas da organização Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, criticou duramente o julgamento. Segundo ele, o Judiciário do país não tem independência e o caso foi enviado a um juiz provisório. Vivanco afirmou que a promotoria não apresentou nenhuma evidência básica vinculando López aos crimes e que o réu não teve a chance de se defender adequadamente. A Organização das Nações Unidas e o governo dos Estados Unidos já pediram a libertação do político.

Em maio, López e outro líder oposicionista preso, Daniel Ceballos, fizeram uma greve de fome. Na gravação divulgada clandestinamente, López exigia que o governo estabelecesse uma data para as eleições parlamentares, o que acabou sendo feito um mês depois. Fonte: Dow Jones Newswires.