A trégua entre o governo da Argentina e os agricultores, depois de 15 dias de tensão, incidentes violentos e desabastecimento, depende do discurso da presidente Cristina Kirchner. "Tudo vai depender do que disser a presidente porque, se o tom dela for o mesmo da última terça-feira, não haverá trégua nem que os líderes queiram, pois, no interior, os produtores independentes estão incendiados", afirmou o líder Alfredo DAngelis, de Entre Ríos, um dos mais radicais do movimento. Mesmo assim, em alguns pontos do país. começaram os desbloqueios.

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DAngelis referia-se ao discurso de Cristina previsto para esta quinta-feira (27), durante um ato político organizado pelo ex-presidente Néstor Kirchner para apoiá-la. Para o encontro, no Parque Norte, um amplo espaço em Buenos Aires, foram convidados todos os grupos aliados ao governo. Faltando cerca de duas horas para o pronunciamento de Cristina, as quatro entidades ruralistas, Sociedade Rural, Confederação Nacional das Cooperativas Agropecuárias (Coninagro), Federação Agrária (FAA) e Confederação Rural Argentina (CRA) divulgaram uma nota oficial que sinaliza a vontade de descompressão do movimento, mas não se compromete a suspender, completamente, os protestos em todo o país. "O campo está disposto a conciliar posições para evitar maiores penúrias à população, mas pede ao governo uma instância de diálogo", afirma o comunicado. O texto ressalta: "É nosso compromisso que, se nesta mesa de negociação as expectativas de nossas bases forem cumpridas, todas as medidas de força serão suspensas.

Como gesto de "boa vontade" dos ruralistas, em Santiago del Estero, os agricultores abriram hoje os piquetes e decidiram deixar passar todos os caminhões que estavam retidos pelas barreiras há 15 dias. "Estamos fazendo um gesto de boa vontade, de abertura do diálogo e esperamos que o governo faça o mesmo", disse um produtor em entrevista ao canal de televisão Todo Notícias (TN). Outros piquetes foram suspensos no Norte da Argentina, em Tucumán, onde os caminhões saem das filas de longos dias sob os aplausos dos agricultores.

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