Ratificar o tratado de reforma da União Européia após os eleitores irlandeses terem rejeitado o documento em referendo no mês passado será algo "sem sentido", disse o presidente da Polônia, Lech Kaczynski, em declarações publicadas nesta terça-feira (1º) pelo diário Dziennik. O presidente polonês disse que "de agora em diante, a questão do tratado perdeu o sentido", segundo a publicação.
Os comentários do presidente polonês foram publicados no mesmo dia em que a França assumiu a presidência rotativa da União Européia, que exercerá por seis meses. A Irlanda, único país do bloco que submeteu o Tratado de Lisboa a uma votação popular, rejeitou o documento no referendo de 12 de junho.
O parlamento polonês aprovou por unanimidade o Tratado de Lisboa em abril e enviou o documento para ser ratificado pelo presidente. O fato, no entanto, é que Kaczynski ainda não assinou o Tratado. Questionado pela imprensa polaca quando assinará o tratado, Kaczynski respondeu: "De maneira imediata, não faz sentido.
Os líderes europeus concordaram que os países integrantes do bloco devem continuar a ratificar o documento e adiaram as decisões sobre como a questão será resolvida na Irlanda até outubro.
Mas Kaczynski rejeitou sugestões de que a rejeição do tratado possa significar o fim político do bloco de 27 nações. "A União Européia funcionou, funciona e continuará a funcionar. É claro, não é o ideal, mas uma estrutura complicada como essa não pode ser ideal," ele disse. "Não é sério dizer que uma vez que não existe um tratado, não existe uma União Européia.
Tratado
O tratado, que levou vários anos para ser elaborado e aceito, foi assinado no ano passado pelos líderes europeus na capital portuguesa e tem como objetivo agilizar o processo de decisões no bloco, institui a figura do presidente europeu e indica um ministro para conduzir a política externa conjunta. Além disto, amplia os poderes europeus para lidar com questões como imigração, terrorismo e criminalidade.
O Tratado de Lisboa só poderá entrar em vigor em 2009 se for ratificado por todos os 27 países que atualmente integram o bloco. Até agora, 18 países ratificaram o documento nos seus parlamentos.