O tráfico de drogas foi fortemente retomado na Guiné-Bissau, onde o comércio de cocaína ameaça desestabilizar ainda mais um país que se recupera do assassinato do presidente e da subsequente tentativa de golpe de Estado, disseram autoridades. No começo do ano passado, os traficantes pareciam ter abandonado a pequena nação africana, após a atenção internacional se concentrar na punição e começar a colaborar com o treinamento da polícia local. Dezenas de ilhas inabitadas serviram como depósitos convenientes para as drogas da América do Sul, que transitam anualmente pelo país no caminho para Europa e movimentaram mais de US$ 1 bilhão em 2009.
“O tráfico de drogas foi novamente retomado” na Guiné-Bissau, afirmou Alexandre Schmidt, representante regional do Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas na África Ocidental, nesta semana. Este é um fenômeno preocupante em um país onde o dinheiro da droga serve apenas para incentivar autoridades militares, que há muito têm o habito de destituir líderes eleitos, acrescentou ele.
No ano passado, o presidente e o diretor das forças armadas foram assassinados, crimes que mal parecem ter sido investigados. Apesar da bem sucedida eleição de Malam Bacai Sanha três meses atrás, o primeiro-ministro e o chefe do exército foram detidos em abril em uma nova tentativa de golpe. O premiê foi liberado, mas está fora do país há um mês.
Em meio ao caos político, a comunidade internacional estava treinando autoridades policiais para investigar o tráfico de drogas na Guiné-Bissau, dobrando o tamanho da força para 160 homens. Mas o alcance ainda é limitado e Schmidt disse que os traficantes voltaram por causa da impunidade. Ele teme que o país seja uma “narco-economia”, o que envolve sérias implicações: “Toda a desestabilização do governo está relacionada às drogas.” As informações são da Associated Press.