Terapia gênica cura dois casos de um tipo de leucemia

Cientistas conseguiram, pela primeira vez, curar um tipo de leucemia com terapia gênica. Eles modificaram células do próprio sangue dos pacientes para torná-las capazes de identificar e destruir células cancerosas.

Até agora, três pessoas que participaram dos testes clínicos foram beneficiadas: duas não apresentaram nenhum sintoma da doença depois de um ano de tratamento. O terceiro voluntário obteve uma melhora parcial, com diminuição do tumor.

Todos tinham uma forma grave e avançada de leucemia linfoide crônica (LLC). A única esperança de cura seria o transplante de células-tronco ou de medula óssea, duas técnicas que oferecem um grande risco à saúde.

Além disso, nem sempre é fácil encontrar um doador compatível. Os cientistas já estão preparando testes para utilizar a mesma terapia gênica em outros tipos de câncer.

“Funcionou muito bem. Estamos surpresos com um resultado tão animador”, afirma Carl June, pesquisador da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e coautor do trabalho publicado na última edição das revistas Science Translational Medicine e The New England Journal of Medicine.

June pondera que a pesquisa terminou há um ano. Agora, é preciso verificar se os resultados são duradouros e o câncer não retornará. Os cientistas procuram há anos mecanismos para melhorar a habilidade natural do sistema imunológico de lutar contra tumores.

Tentativas anteriores de recrutar células T – os soldados do sistema de defesa no sangue – e alterá-los geneticamente para aumentar sua eficácia não deram certo: as células modificadas não se reproduziam bem e rapidamente desapareciam.

A equipe utilizou uma nova técnica para inserir novos genes nas células T e sinalizar que elas deveriam se multiplicar e destruir o câncer. Os exércitos de células T modificadas destruíram o tecido tumoral.

Depois, permaneceram em alerta para matar o câncer caso reaparecesse. No estudo, os cientistas coletaram sangue dos próprios pacientes para obter milhões de células T. Elas foram alteradas e reinjetadas nos voluntários.

Os pesquisadores descreveram o relato clínico de um dos pacientes, um homem de 64 anos. Nas duas semanas seguintes à infusão das células modificadas, ele não notou nenhuma diferença.

Depois, teve calafrios, náusea e febre: um sintoma de que muitas células cancerosas morriam ao mesmo tempo. “Foi como a pior gripe que ele já pegou na vida”, afirma June. “Mas, depois, estava acabado: a leucemia havia desaparecido.” As informações são da Associated Press.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna