O vencedor reconhecido das eleições presidenciais na Costa do Marfim, Alassane Ouattara, disse que seu rival, o presidente Laurent Gbagbo, recruta mercenários da Libéria para lançar uma campanha de assassinatos e estupros contra seus partidários. “Laurent Gbagbo tem sangue em suas mãos”, afirmou Ouattara em entrevista à rádio Europe 1 divulgada hoje, falando do hotel onde vive cercado por tropas de Gbagbo, em Abidjã. “Muitos marfinenses foram mortos por mercenários e pela milícia de Laurent Gbagbo. Nós já tivemos mais de 200 mortes, temos estupros e pessoas feridas – mais de mil pessoas feridas”.
Ouattara afirmou ter provas dos crimes. “E a ONU (Organização das Nações Unidas) e todas as organizações pelos direitos humanos notaram os massacres, assassinatos e os atribuíram a mercenários e milícias recrutados por Laurent Gbagbo”, afirmou Ouattara.
Especialistas da ONU disseram hoje temer as informações sobre violência generalizada após as eleições na Costa do Marfim e notam risco de haver crimes contra a humanidade. Ouattara afirmou que já escreveu para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para que este peça ao Tribunal Penal Internacional (TPI) o envio de uma missão investigativa. Segundo ele, houve a informação de que isso seria feito nos próximos dias.
O oposicionista acusou Gbagbo de instigar a violência contra seus partidários. “Ele teve seus cidadãos mortos por estrangeiros”, disse. Ouattara foi reconhecido internacionalmente como o vencedor da eleição presidencial de 28 de novembro, que tinha como objetivo declarado encerrar uma década de distúrbios que vinham dividindo o país entre norte e sul. Apesar disso, Gbagbo, que está no poder há uma década, recusou-se a ceder a presidência para seu rival. As informações são da Dow Jones.