Tenente israelense aprova uso de armas contra flotilha

O chefe das Forças Armadas de Israel, tenente-general Gabi Ashkenazi, disse hoje, perante a comissão de inquérito que investiga o ataque em maio à flotilha que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza, que as forças militares israelenses subestimaram a ameaça representada pelos navios e não tinham conhecimento suficiente sobre os ativistas turcos que confrontaram os soldados que entraram na embarcação.

Ashkenazi afirmou que o Exército deveria ter usado mais força para dominar os ativistas antes de os soldados entrarem no navio. Segundo ele, os comandos usaram granadas de efeito moral para abrir caminho antes de descer de helicóptero até a embarcação, que tentava quebrar o bloqueio naval de Israel à Faixa de Gaza.

O tenente-general também disse que os ativistas bateram nos soldados com cassetetes e barras de metal e os atingiram com facadas e até com disparos. Com suas vidas em perigo, os soldados responderam com tiros e mataram nove ativistas turcos, afirmou.

Ele negou as acusações da Turquia, de que alguns dos mortos foram alvo de “execução” à queima-roupa, afirmando que os tiros foram disparados de perto como parte de uma luta de vida ou morte. “Houve uma situação na qual um soldado foi atacado com um machado”, disse ele. “Alguém com um machado é uma ameaça de vida.”

Nenhuma arma foi encontrada a bordo do navio, mas os militares disseram anteriormente que os ativistas tomaram pelo menos uma arma de fogo dos soldados durante os confrontos. Ashkenazi afirmou que testes balísticos realizados com munições usadas no local indicam que os ativistas tinham pelo menos uma arma de fogo em seu poder e que provavelmente a jogaram no mar.

O testemunho do chefe das Forças Armadas acontece após a participação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, na segunda-feira, e do ministro da Defesa, Ehud Barak, no dia seguinte, na comissão de inquérito. O ataque naval deu início a protestos internacionais e prejudicou as relações de Israel com a Turquia. Também fez com que Israel aliviasse o bloqueio à Gaza, permitindo a entrada de bens para uso civil.

A comissão, presidida pelo juiz aposentado israelense Yaakov Tirkel e que conta com dois observadores internacionais, tem o objetivo de apenas definir a legalidade do ataque e não vai discutir o processo de decisão sobre ele. Com informações da Dow Jones.