Uma súbita e forte tempestade atingiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, e derrubou milhares de tendas nos campos de desabrigados onde mais de 1,3 milhão de pessoas vivem há oito meses, desde que o terremoto avassalador de 12 de janeiro destruiu suas casas. Desde sexta-feira, o número de mortos pelas chuvas chegou a cinco, incluindo duas crianças, e centenas de pessoas relataram algum tipo de lesão, segundo a chefe da proteção civil local, Marie Alta Jean-Baptiste.

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Dados preliminares da Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que mais de 2 mil tendas sofreram danos ou foram derrubadas. Outras autoridades internacionais dizem que o número pode superar 5 mil.

Os efeitos da tempestade foram exacerbados pela fragilidade das tendas onde vivem as pessoas afetadas pelo terremoto de janeiro. Milhares de famílias continuam vivendo nas ruas da capital do país, esperando uma residência temporária ou dinheiro para encontrar uma nova moradia. “Muitas das tendas que foram destruídas haviam chegado ao limite de vida útil”, afirmou Gerhard Tauscher, coordenador do grupo de abrigo da Federação Internacional da Cruz Vermelha.

A reconstrução do Haiti após o terremoto mal começou, apesar de bilhões de dólares terem sido prometidos em ajuda. Menos de 15% dos recursos prometidos na conferência de doação da ONU realizada em março foram entregues. Os EUA, que gastaram mais de US$ 1,1 bilhão em ajuda humanitária depois do desastre, ainda não enviaram os prometidos fundos de longo prazo.

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Instalações administrativas dos campos de desabrigados – incluindo tendas de escritórios, clínicas e espaços infantis – foram prejudicadas, especialmente naqueles campos localizados nos profundos vales entre o centro de Porto Príncipe e o subúrbio de Petionville. “Nossa infraestrutura foi abalada: a casa, o escritório, os espaços infantis”, disse Emmett Fitzgerald, do Conselho de Refugiados Americanos, que cuida de um campo com 26 mil pessoas em Terrain Acra. “A clínica conseguiu se sair bem e ninguém ficou ferido. Mas árvores caíram e o local está uma bagunça absoluta”, descreveu.

A tempestade que atingiu o Haiti não faz parte de nenhum sistema tropical e deve ser uma tempestade caribenha padrão, causada por condições frias e secas na atmosfera superior, de acordo com Stacy Stewart, especialista do Centro Nacional de Furacões dos EUA.

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