Temor de abrigar terroristas faz Iêmen suspender vistos

O governo do Iêmen anunciou hoje que vai suspender a concessão de vistos de entrada no país por meio de seus aeroportos internacionais. Segundo a agência estatal Saba, a intenção da medida é “interromper a infiltração terrorista” no país.

A decisão chega em um momento em que sobe a pressão sobre o Iêmen para que enfrente a Al-Qaeda na Península Arábica. O grupo ocupa posições em montanhas a leste da capital, Sanaa, e é acusado de ser responsável pela frustrada tentativa de atentado em 25 de dezembro em um avião norte-americano que seguia para Detroit.

“O Iêmen parou de conceder vistos em seu aeroporto para interromper a infiltração terrorista”, afirmou a Saba. Uma autoridade militar afirmou que, após a decisão, os vistos seriam concedidos apenas por meio das embaixadas do Iêmen e após consultas a autoridades de segurança, a fim de verificar as identidades dos viajantes.

O militar afirmou que dessa forma se “evita a infiltração de quaisquer elementos terroristas suspeitos”. As declarações dele foram divulgadas pelo jornal oficial do Ministério da Defesa local. Seis aeroportos no Iêmen recebem voos internacionais. Ainda não foi especificado se a medida se aplica a todas as nacionalidades ou se há exceções.

O Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos divulgou um relatório nesta semana advertindo que a Al-Qaeda na Península Arábica pode ter treinado mais de 30 cidadãos norte-americanos que se converteram ao islamismo na prisão. Os norte-americanos viajaram ao Iêmen após ficarem livres, afirmando que estudariam árabe, mas “possivelmente para treinamento da Al-Qaeda”, afirma o relatório, citando fontes do setor de segurança.

Pelas normas anteriores, essas pessoas poderiam entrar no Iêmen automaticamente, sem checagens anteriores. O relatório afirma que não há provas de qualquer ação terrorista desses ex-presos, mas nota que vários deles ficaram “fora do radar por algumas semanas”, durante as quais poderiam ter recebido treinamento com insurgentes.

Alerta

Funcionários norte-americanos estão em alerta por causa da potencial ameaça de extremistas com passaportes dos EUA, que poderiam voltar ao país para realizar atentados. O mais famoso entre esses potenciais extremistas é o imã radical Anwar al-Awlaqi, que tem cidadania norte-americana e iemenita. Nascido no Novo México, Awlaqi provavelmente está na parte leste do território do Iêmen, onde sua família vive.

Um assessor da Casa Branca acusou anteriormente Awlaqi de manter vínculos com o major Nidal Hasan, acusado de ter matado a tiros 13 pessoas em uma base militar no Texas, em novembro. O assessor é John Brennan, que atua com contraterrorismo e segurança interna. Segundo Brennan, Awlaqi pode ter tido contato com o homem acusado de tentar explodir um avião dos EUA em 25 de dezembro, Umar Farouk Abdulmutallab.

Autoridades norte-americanas também se preocupam com outros dez norte-americanos, sem cidadania iemenita, que viajaram ao Islã, tornaram-se fundamentalistas e se casaram com mulheres iemenitas. Segundo fontes de Washington, esses homens estariam dentro do perfil de cidadão norte-americano que a Al-Qaeda busca recrutar. As informações são da Dow Jones.

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