Taylor é sentenciado a 50 anos por crimes de guerra

Juízes do Tribunal Especial para Serra Leoa sentenciaram o ex-presidente de Libéria, Charles Taylor, a 50 anos de prisão nesta quarta-feira, afirmando que ele foi responsável por “alguns dos crimes mais hediondos e brutais já registrados na história da humanidade”. Taylor, de 64 anos, um ex-senhor da guerra que se tornou presidente, é o primeiro chefe de Estado a ser condenado por crimes de guerra desde a Segunda Guerra Mundial.

O ex-presidente vai cumprir sua sentença numa prisão britânica. Seus advogados, porém, devem apelar das condenações, o que deve mantê-lo em Haia, na Holanda, pelos próximos meses.

No mês passado, Taylor foi condenado por 11 crimes que incluem ajuda e cumplicidade com os rebeldes que realizaram ataques selvagens durante a guerra civil em Serra Leoa (1991-2002), na qual mais de 50 mil pessoas morreram. Os promotores disseram que ele trocou armas, munição e outros suprimentos em troca dos chamados “diamantes de sangue”, extraídos por trabalhadores escravos.

O juiz que presidiu o julgamento, Richard Lussick, disse que os crimes de guerra de Taylor foram o “máximo em termos de gravidade e escala de brutalidade”. “As vidas de outros muitos civis inocentes em Serra Leoa foram perdidas ou destruídas como resultado direto de suas ações”, disse Lussick.

Taylor não mostrou qualquer tipo de emoção ao ouvir a sentença, que efetivamente representa uma sentença de prisão perpétua. Durante a audiência de condenação, no início deste mês, Taylor expressou “profunda simpatia” pelo sofrimento das vítimas das atrocidades em Serra Leoa, mas afirmou que agiu para estabilizar a região ocidental da África e que nunca auxiliou na prática de crimes de forma consciente.

Taylor deixou a presidência da Libéria e fugiu para o exílio na Nigéria após ter sido indiciado pelo tribunal internacional, em 2003. Em 2006 ele foi detido e enviado para a Holanda.

Embora o tribunal de Serra Leoa seja sediado na capital do país, Freetown, o julgamento de Taylor é realizado em Leidschendam, um subúrbio de Haia. Havia temores de desestabilização na região caso o julgamento ocorresse na África.

Habitantes de Serra Leoa comemoraram nesta quarta-feira a decisão em Haia. Mutilados durante a guerra se reuniram em Freetown para assistirem, ao vivo, os procedimentos judiciais em Haia. As informações são da Associated Press.

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