A Câmara Municipal de Curitiba aprovou no dia 28 de agosto o projeto de lei do vereador Jair Cézar (PSDB) que proíbe estabelecimentos comerciais e profissionais liberais de aplicar tatuagens e “adornos” ? piercings, brincos ou qualquer coisa que perfure a pele ? em menores de 18 anos sem autorização dos pais.
Segundo o autor do projeto, o objetivo é preservar a saúde das crianças e adolescentes, que muitas vezes não têm conhecimento do que realmente significa uma tatuagem ou um body piercing. “Será que estes menores sabem dos riscos? Será que eles sabem que os produtos utilizados são químicos e que é muito difícil reverter o processo depois de tatuado?”, indaga Jair.
Para o tatuador Christian Martins, que trabalha na área há oito anos e sempre fez tatuagens em menores com a autorização dos pais, o projeto é inútil. “Se um adolescente realmente quiser fazer uma tatuagem ele faz, independentemente da opinião dos país, pois é muito difícil fazer uma fiscalização neste tipo de trabalho”, ressalta Christian.
Já as estudantes Ana Carolina Lopes Koehler, de 21 anos, e Maira Ortiz Lour, 23, apóiam a proposta do vereador. Elas defendem que é preciso saber o momento certo para fazer uma tatuagem para depois não se arrepender. “Quando tinha uns dezesseis anos queria fazer uma tattoo que hoje considero brega. Graças a Deus meus pais não me deram autorização, caso contrário estaria arrependida até agora. Quando você é jovem não pensa muito nas conseqüências”, ressalta Ana Carolina.
Após a aprovação do projeto na Câmara, o prefeito Cássio Taniguchi terá 90 dias para vetar ou sancionar a lei.
Histórico
A arte da tatuagem teria surgido na Nova Zelândia, onde era considerada uma tradição da tribo maori. Somente os mais bravos e corajosos guerreiros podiam ser tatuados. Mas há indícios que já existia tatuagem em múmias há 2.000 atrás. Hoje, a técnica é usada por milhares de pessoas em todo o mundo.
As razões que levam um indivíduo a marcar o próprio corpo, com desenhos e expressões que podem ser removidas somente com técnicas caras e complicadas, são estudos de muitos profissionais. Na opinião do psicólogo Antônio Ferreira de Mello, muitos casos de tatuagem funcionam como uma atitude de autoafirmação e identificação com um determinado grupo social. “Um bom exemplo são os metaleiros ou os skinheads, que têm como marca registrada várias tatuagens espalhadas pelo corpo”, ressalta