A tatuagem virou um acessório do corpo e graças ao calor do verão está à mostra. Flores, borboletas, personagens dos quadrinhos e mensagens bíblicas passeiam pela cidade em corpos que fazem questão de ser notados.
Essa moda é milenar e sempre foi usada como forma de identificação social e expressão artística. Desde as civilizações mais antigas.
Os nativos da Polinésia, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia (maori), tatuavam-se em rituais religiosos. Os maori se destacaram pela criatividade do ?Moko?, tatuagem tradicional feita no rosto. A própria etimologia da palavra tatuagem é polinésia (tatau), de onde a prática foi exportada para o mundo no século XVIII pelos marinheiros de James Cook.
?Tatoo? era o som feito durante a execução da tatuagem, onde se utilizavam ossos finos como agulhas e um martelinho para introduzir a tinta na pele. As marcas e desenhos eram sinais de identidade que manifestavam iniciação, posse, linhagem ou status, serviam para o exorcismo ou como elemento de atração erótica.
O jeito moderno de tatuar, com máquina elétrica, chegou ao Brasil em junho de 1959. Até cinco anos atrás essa moda de enfeitar o corpo era restrita a certos grupos: surfistas, roqueiros, motoqueiros. A tatuagem só ganhou popularidade depois de aparecer, discretamente, na pele das modelos. Hoje ela é exibida por esportistas, artistas, meninos e meninas -um ornamento que ajuda a compor o visual contemporâneo.
Chris Beller
Higiene é palavra de ordem!
A falta de higiene nos estúdios de tatuagens pode causar infecções e doenças como hepatite e aids. Como há sangramento durante o trabalho de impressão na pele, até o dedo ou algodão utilizado para estancar o sangue pode transmitir doenças.
Para minimizar os riscos de contaminação o material precisa ser esterilizado, a agulha descartável, como manda a lei, e o tatuador deve usar luva, máscara e óculos.
?Existe um outro risco que é a contaminação pela tinta, que não é trocada a cada tatuagem, por isso cada um deveria levar a sua própria tinta?, aconselha o cirurgião plástico Wanderley Mackert.
Mesmo tomando esses cuidados podem surgir reações alérgicas e cicatrizes indesejáveis como as queloideanas. Pessoas com doenças dermatológicas (como psoríase, líquen plano, vitiligo e verrugas) não devem fazer tatuagem. As marcas dessas podem aparecer nos locais do trauma.
Nas maquiagens permanentes, feitas nos olhos ou nos lábios, o cuidado deve ser maior porque as chances de reversão são ainda menores que em outros tipos de tatuagens.
Um passo a passo pra fazer em casa
Na cultura Hindu, a hena é usada em todos os grandes festivais. Em casamentos, as noivas enfeitam as mãos e os pés como um sinal de boa sorte.
A hena indiana é marrom ou cor de ferrugem. A hena preta é resultado de uma mistura química, que pode causar alergia. O problema, segundo os pesquisadores do Centro de Dermatologia em Buxtehude, na Alemanha, não é a exatamente a hena, mas o PPD, um produto químico usado para torná-la mais escura.
O médico Bjorn Hause diz que a pesquisa mostrou que o uso do PPD na hena pode causar dermatite de contato e provocar inchaço, vermelhidão e coceira.
Quando a tatuagem é feita com hena pura, dificilmente provoca alergias. As tatuagens de hena são tradicionais em países como Índia, Marrocos e ilhas Fidji.
Como fazer
Na Índia, as mulheres fazem as tatuagens temporárias molhando palitos na hena e desenhando nas mãos. Aqui a tatuagem de hena é feita de duas formas. Nas praias a técnica mais comum é fazer o decalque do desenho na pele e, com ajuda de uma bisnaga, cobrir o traço com a hena.
Em casa, usando kits encontrados em casas de cosmético por R$ 5,00, aplica-se um adesivo vazado com desenho na pele. Aí é só passar a hena que vem no tubo, esperar secar por duas horas e lavar o local. A tattoo dura de uma a duas semanas.
Testa ou barriga ganham até publicidade
Até anúncio já virou tatuagem. No início do ano passado um americano fez um leilão para transformar a testa em outdoor. E conseguiu 37.375 dólares por isso.
No site de leilões pela internet, Andrew Fisher se apresentou como ?um americano médio?. Usando óculos e cavanhaque, ele não chama atenção nas ruas, mas foi o centro dos olhares com sua tatuagem na testa. Foi aí que começou a onda do homem-anúncio nos Estados Unidos.
A mesma companhia que pagou cerca de R$ 85 mil para estampar uma propaganda na testa de Fischer pagou outros 8.800 dólares ( cerca de R$ 20 mil) a Elise Harp para que ela levasse em sua barriga de grávida uma publicidade.
As tatuagens feitas por Fischer e Elise são temporárias. Saem com álcool, mas o acordo entre os anunciantes e os out-doors vivos é de que a propaganda seja veiculada por 30 dias.
Esse tipo de propaganda tem site especializado nos Estados Unidos (www.humanadspace.com) e no Canadá (www.TatAd.com).
Piercing, acessório dolorido
A imagem de alguém colocando um piercing não deixa dúvida: isso é coisa para gente corajosa. Tudo começa no bochecho com listerine. Foi assim que Rosane Pereira, 21 anos, duas tatuagens, um piercing no nariz, se preparou enfeitar a língua. Não há anestesia.
O procedimento de puxar a língua com a tesoura esterilizada, furar e colocar o acessório de aço cirúrgico durou menos de dez minutos. Ela disse que não doeu muito, o tatuador disse que não dói, mas quem assiste não acredita.
Desde que o acessório entrou para o mundo fashion, como símbolo de modernidade, muita gente se animou a colocar.
Luiza Brunet já fez dois furos – nariz e umbigo. Ficou apenas um mês. Disse que não agüentava o incômodo. E olha que nariz e o umbigo são os locais campeões na preferência feminina. Orelha também é um local bastante procurado, mas a dificuldade de cicatrização desestimula até os profissionais.
?Eu não perfuro mais a orelha. 60% das pessoas voltavam para dizer que não conseguiam se acostumar, que doía e tiravam. Desisti e não aconselho a ninguém?, resume Nilson Calixto, do Golden Hair. Ele é tatuador há 9 anos e coloca piercing, como o de Rosane, há quatro.
Cicatrização
Quanto mais exposta a atritos está a área com piercing, mais difícil a cicatrização. É importante limpar o local e o ?brinco? duas vezes por dia com um anti-séptico.