“Calculamos que o tango movimenta em todo o mundo cerca de US$ 200 milhões por ano, mas aqui em Buenos Aires ficam apenas 5%. Segundo nossas estimativas, dentro de oito anos o volume financeiro ligado ao tango subirá a US$ 500 milhões, e disporemos de 20% do total”, informou Eduardo Hecker, assessor de Desenvolvimento Econômico de Buenos Aires.

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos para o Desenvolvimento Metropolitano (Cedem) verificou que 70% dos turistas que visitam a Argentina consomem produtos ligados ao tango, como discos e livros (25%), calçados (37%) e vestidos (20%), e a ampla maioria freqüenta locais onde esse gênero musical é apresentado.

Desde o início do século XX, o tango ocupa um lugar de honra entre os costumes dos argentinos, e a crise vem acentuando essa tradição, tanto como uma tentativa de esquecer os problemas como por uma questão de sobrevivência. Mesmo após os eventos recordando o décimo aniversário da morte do famoso compositor Astor Piazzola, o mundo dos adeptos do tango continua agitado, com a multiplicação de iniciativas ligadas ao “sentimiento que se baila”.

Como parte dos planos para transformar a música nacional numa indústria capaz de gerar mais recursos, estão programadas para este mês uma Semana do Tango, seguida pela inauguração de um centro de informação especializado, o Centro Cultural San Martín, e um congresso internacional sobre o gênero. Em novembro, haverá um Campeonato Mundial de Tango.

O centro cultural Konex, através de um acordo com a prefeitura de Buenos Aires, criou um “curso de mestrado” em tango de dois anos de duração. Os 25 alunos foram selecionados mediante apresentação de títulos e terão matérias como “filosofia do tango”, “introdução à música popular” e até “o tango como sistema literário”. Após a formatura, os “mestres em tango” esperam encontrar emprego num mercado ainda pouco afetado pela crise. (ANSA).

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