Milhares de manifestantes reuniram-se hoje na cidade de Taichung, em Taiwan, para protestar contra a chegada do negociador chinês Chen Yunlin, amanhã. Impulsionado pela boa votação que obteve nas eleições locais no começo do mês, o Partido Progressista Democrático (DPP), pró-independência, tenta propagar sua mensagem de que o estreitamento das relações comerciais com a China está comprometendo a independência “de facto” de Taiwan e ameaçando o bem-estar econômico da população.
Estima-se que 100 mil pessoas estejam participando dos protestos deste domingo. A presidente do DPP, TsaiIng-wen, prometeu que as manifestações seriam pacíficas – diferentemente do que aconteceu no ano passado, quando membros e simpatizantes do partido tiveram vários enfrentamentos com a polícia durante uma visita anterior de Chen. A polícia fechou as ruas ao redor do hotel em que Chen vai se hospedar com o objetivo de afastar os manifestantes, alguns dos quais prometeram seguir os passos do enviado chinês aonde quer que ele fosse.
O objetivo da visita de Chen a Taiwan é assinar quatro novos acordos econômicos entre os dois países, que se dividiram durante a guerra civil em 1949 e desde então mantêm relações tensas. Desde que assumiu o posto, em maio do ano passado, o presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, conseguiu reduzir as tensões entre os dois lados para o nível mais baixo em 60 anos, revertendo as políticas adotadas por seus antecessores do DPP com iniciativas de estímulo aos negócios entre os dois países.
Parcerias comerciais – Entre as iniciativas, Ma estabeleceu voos regulares e canais marítimos entre os dois países e suspendeu as restrições ao investimento chinês em Taiwan, primeiro passo para um acordo comercial a ser assinado no ano que vem.
A poderosa comunidade de negócios taiwanesa é fortemente favorável à aproximação promovida por Ma, vista como necessária para evitar uma marginalização econômica da ilha em meio à profusão de acordos entre Beijing e outros países asiáticos. Os Estados Unidos também veem o movimento com entusiasmo. Embora tenha passado a reconhecer Beijing, em 1979, como o autêntico governo chinês, os americanos continuam a ser os principais parceiros comerciais de Taiwan.
O DPP, contudo, acredita que a aproximação entre os presidentes de Taiwan e China cria um cenário favorável para que os chineses eventualmente retomem o controle da ilha – possibilidade que o presidente taiwanês nega veementemente. O partido alerta ainda que o acordo comercial entre as duas partes vai inundar a ilha com produtos chineses baratos, promovendo desemprego em massa.
Até cinco meses atrás, a maioria da população aceitava o argumento de Ma de que a aproximação econômica com a China traria mais prosperidade para os taiwaneses. Contudo, a forma como conduziu a resposta do governo a um tufão devastador em agosto começou a minar sua popularidade. As informações são da Associated Press.