O confronto entre forças policiais chinesas e manifestantes tibetanos aumenta o grau de incerteza das eleições presidenciais deste sábado (22) em Taiwan, a ilha que a China diz pertencer a seu território. A repressão dos rebeldes tibetanos pode ter afetado o favoritismo de Ma Ying-jeou, do Partido Nacionalista (Kuomintang), defensor do fortalecimento dos laços com Pequim. Ma liderava a corrida por uma diferença que variava de 6 a 30 pontos porcentuais, de acordo com pesquisas divulgadas até o dia 12 – quando se encerrou o prazo para publicação de sondagens.
A violenta reafirmação do controle chinês sobre o Tibete foi explorada pelos adversários de Ma como uma ameaça à jovem democracia de Taiwan, que realiza neste sábado (22) a quarta eleição presidencial direta de sua história – a primeira foi em 1996.
A eventual vitória de Ma significará a volta ao poder dos nacionalistas que fugiram da China em 1949 e instalaram um novo regime na ilha, sob o comando de Chiang Kai-chek. Nos últimos oito anos, Taiwan foi governada pelo Partido Democrático Progressista, favorável à independência. Mas o candidato da legenda, Frank Hsieh, tem uma posição mais moderada que a do atual presidente, Chen Shui-bian, radical defensor da independência.
Os constantes choques entre Chen e o governo de Pequim acabaram minando sua popularidade – também afetada por escândalos de corrupção que envolveram a mulher dele. Depois da derrota nas duas últimas eleições presidenciais, o Kuomintang obteve uma vitória avassaladora na eleição legislativa de janeiro, vista como uma prévia da disputa presidencial.
Apesar da tensa relação política, China e Taiwan têm laços econômicos crescentes. Os taiwaneses investiram nos últimos 20 anos cerca de US$ 100 bilhões no continente, onde possuem 70 mil empresas.
Histórico adversário dos comunistas, o Kuomintang é visto como o maior aliado de Pequim na disputa. Ma defende o estabelecimento de um ?mercado comum? entre a ilha e a China e é favorável à manutenção da situação atual – nem independência nem reunificação.
Mesmo Frank Hsieh é favorável à melhora na relação com o continente e chegou a ter posições mais pró-China do que seu adversário. Num escorregão durante a campanha, Ma insinuou que poderia apoiar o boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim, posição rejeitada por Frank Hsieh.
Qualquer que seja o vencedor, não há dúvida de que a relação entre os dois lados do Estreito de Taiwan terá um grau de tensão menor que o dos últimos oito anos, durante os quais a retórica separatista de Chen causou reações violentas de Pequim. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.