Tablóide russo desmente escândalo amoroso envolvendo Putin

O jornal russo "Moskovski Korrespondent", que publicou na última semana a notícia da separação entre o presidente Vladimir Putin e sua esposa, desmentiu o caso afirmando que o "affaire" entre Putin e sua suposta amante, a jovem ginasta Alina Kabaeva, foi inventado para cobrir um espaço vazio na página de política quando a equipe de redação estava bêbada.

"Tínhamos um buraco que não podíamos encher com os personagens de sempre do show business, e, já mais à noite, cansados e estressados, acabamos bebendo demais. Não saberia dizer quem teve a idéia", disse ao tablóide Izvestia o jornalista Lev Rishkov, um dos redatores da notícia, que também publicou na internet uma longa confissão, motivada provavelmente por pressão dos dirigentes do jornal e do próprio gabinete presidencial.

Segundo o relato do jornalista, no dia seguinte a equipe de colegas ficou "excitada e feliz com a autopromoção" e com o salto de audiência do site, que registrava "10 mil visitas diárias, um recorde para um jornal nascido seis meses atrás".

"Mas a situação piorou durante o fim do dia", conta Rishkov. "O diretor queria que continuássemos com aquela história de sucesso. (…) Então, os colegas começaram a bombardear de telefonemas o Kremlin e Alina Kabaeva". Mas, ao não obter respostas sobre o caso, os jornalistas russos teriam começado a especular sobre o caso para forjar uma continuidade.

"Então, apareceram dois homens enormes para falar com o diretor, talvez do serviço secreto, mas acho que foi mesmo o proprietário [do jornal] quem os mandou", conta o jornalista, explicando como o clima ficou pesado na redação.

Mais tarde, o proprietário Aleksander Lebedev, dono também do renomado jornal "Novaia Gazeta", onde trabalhava a jornalista Anna Politkovskaia, assassinada em outubro de 2006, apareceu para anunciar o fechamento do tablóide.

Em entrevista à emissora italiana Rai antecipada pela ANSA, o diretor do tablóide, Grigori Nekhoroshi, disse que não se sente tranqüilo após o escândalo, mas chegou a defender, com cautela, a validade do trabalho feito por sua redação sobre o caso.

"Um dos meus melhores redatores obteve a informação de que se estava preparando às escondidas a contratação de serviços para as bodas [de Putin com a suposta amante]. Trabalhamos no caso por um mês, não conseguimos provas irrefutáveis. Mas, sendo um tablóide, decidimos publicar mesmo assim", disse o diretor do "Moskovski Korrespondent".

Segundo o diretor, as reações "demonstram que existe algo por trás do caso". Já o jornalista Lev Rishkov se mostra arrependido: "Quis publicar tudo por escrito na internet porque tenho um mínimo de consciência. Foi uma mentira muito grosseira".

Os rumores da separação secreta entre Putin e sua esposa geraram polêmica também ao lado do recém-eleito premier da Itália, Silvio Berlusconi. O magnata italiano simulou "fuzilar" uma jornalista russa que fez uma pergunta sobre o caso, durante uma coletiva de imprensa realizada em sua mansão na Sardenha, onde Putin estava como convidado pessoal de Berlusconi.

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