Szeto Wah, um dos principais defensores das vítimas do massacre da Praça da Paz Celestial, na China, morreu neste domingo de câncer de pulmão, aos 79 anos. Professor e diretor de uma escola primária, Szeto começou sua carreira política organizando seus companheiros de profissão e transformando o Sindicato dos Professores Profissionais de Hong Kong numa das organizações mais influentes da região. Ele, no entanto, é mais conhecido por sua luta pela democracia.
Após a repressão de Pequim aos protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial, que deixou centenas de pessoas mortas, Szeto montou a Aliança de Hong Kong em Apoio a Movimentos Democráticos na China. O grupo, que era coordenado por ele até hoje, tornou-se um dos principais defensores das vítimas do massacre e também dos dissidentes chineses que foram presos pelo governo do país.
Szeto seguiu criticando a repressão chinesa no incidente da Praça da Paz Celestial e defendia que Pequim deveria se desculpar, mesmo após Hong Kong ter se tornado uma região semiautônoma do território chinês em 1997. Sob seu comando, a Aliança promovia anualmente, no dia 4 de junho, uma vigília em homenagem às vitimas do massacre. O evento geralmente atraía milhares de pessoas. As autoridades da China ainda consideram os protestos de 1989 um movimento “contrarrevolucionário”.
Szeto era amplamente admirado por líderes estudantis envolvidos nas manifestações da Praça da Paz Celestial e por outros simpatizantes do movimento. “Estou muito, muito triste. Tio Wah (como era chamado) foi um líder espiritual para mim e para o movimento democrático”, afirmou o líder estudantil Wang Dan, atualmente exilado, a uma rede de televisão de Hong Kong.
“A principal conquista do Tio Wah foi ele ter transmitido seu espírito antes da morte. É possível dizer, pelo número de jovens presentes no 20º aniversário das manifestações na Praça da Paz Celestial, que as gerações mais novas lembraram do evento”, disse Wang, que atualmente ensina História em uma universidade de Taiwan.
Wuer Kaixi, líder estudantil exilado que também mora em Taiwan atualmente, disse que Szeto estava envolvido em esforços para ajudar os manifestantes a escapar da China. “Sinto como se um ancião muito querido nos tivesse deixado”, acrescentou. As informações são da Associated Press.