Suspensão de TV provoca críticas ao governo do Equador

A determinação do governo do Equador de fechar temporariamente o canal de televisão Teleamazonas, ontem, provocou críticas ao governo no país. A medida foi tomada a pedido da Superintendência de Telecomunicações (Supertel), sob o argumento de que a TV divulgou notícias baseando-se em pressupostos. A Teleamazonas foi suspensa por três dias pois em junho a emissora difundiu a informação de que operações de exploração de gás no Golfo de Guayaquil, realizadas pela empresa estatal venezuelana PDVSA, poderiam prejudicar a pesca por seis meses, afetando os que dependem desse setor.

O vice-presidente de notícias da Teleamazonas, Carlos Jijón, em entrevista à emissora Ecuavisa, disse que “o grave é que ontem se rompeu o Estado de direito, se romperam as garantias dos cidadãos”. “O que ocorreu ontem é nefasto para a democracia, é um atentado muito grave contra os equatorianos”, disse. “Tenho o direito de suspeitar que a decisão de fechar a Teleamazonas não foi tomada na Supertel, mas sim pela Presidência da República. Os equatorianos têm o direito de suspeitar disso e dizê-lo em voz alta. A Teleamazonas não foi julgada por um tribunal independente do poder político, isso é claríssimo”, afirmou Jijón.

O deputado Andrés Páez, da Esquerda Democrática, disse ao canal Uno que o fechamento da Teleamazonas e da rádio Arutam “é um reflexo do autoritarismo que está vivendo o Equador e uma provocação e uma afronta à cidadania”. Outros deputados também criticaram o comportamento da administração no caso. A emissora de televisão está fora do ar desde a tarde de ontem.

A notícia que motivou a suspensão foi assinalada por algumas autoridades como “suposta”, ainda que algumas tenham afirmado que ela era verdadeira. Paralelamente, o Conselho Nacional de Telecomunicações notificou a retirada da frequência da rádio Arutam, da comunidade Shuar, no sul da Amazônia, acusando-a de incitar a violência durante protestos indígenas em outubro, que terminaram com uma morte. A emissora pode apelar da decisão.

Rafael Correa

O presidente Rafael Correa, sem aludir diretamente ao caso, afirmou que “a imprensa é tão poderosa que esteve acostumada a fazer tudo que lhe vem à cabeça”. O superintendente de Telecomunicações, Fabián Jaramillo, disse à Ecuavisa que não é intenção de sua instituição fechar nenhum meio de comunicação. Segundo ele, a única meta é “o cumprimento da lei e dos contratos de concessão, mas não há mais remédio se não se cumpre a lei”.

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