Dezenas de milhares de sunitas bloquearam uma importante estrada no oeste do Iraque nesta sexta-feira, em meio a crescentes tensões sectárias no país. A minoria sunita reclama da discriminação das autoridades contra eles. Além disso, a prisão dos guarda-costas de um graduado político sunita em dezembro tem gerado manifestações semanais.
Os principais protestos desta sexta-feira aconteceram em Faluja e em Ramadi, cidades que ficam na rodovia que vai até a província de Anbar, que já foi reduto da Al-Qaeda e onde ocorreram alguns dos mais violentos confrontos contra as forças norte-americanas durante a guerra no Iraque.
Os manifestantes também marcharam na capital Bagdá e em Samarra, região central do país. O número de participantes desta sexta-feira parece estar entre os maiores, desde o início dos protestos em dezembro.
Na semana passada, cinco manifestantes e dois soldados iraquianos forma mortos em confrontos em Faluja. Nesta sexta-feira, os manifestantes seguravam cartazes com as fotografias dos mortos.
O clérigo sunita Abdul-Hameed Jadoua disse à multidão que “o sangue dos mártires foi derramado para que a dignidade do nosso Iraque e de nossas tribos seja restaurada”.
Ele exigiu que os soldados sejam julgados pelo assassinato dos manifestantes e disse que o Exército deve permanecer fora da área. “Dizemos ao governo que não queremos ver um soldado sequer, a partir de agora, nem em Faluja, nem em todos os subúrbios e vilas próximas”, disse ele.
O clérigo pareceu rejeitar um chamado às armas. “Digo a vocês, jovens, que apreciamos seu zelo…, mas vocês devem ser disciplinados e aderir às diretrizes dos clérigos e líderes tribais, de forma que possamos agir de uma forma razoável”, declarou.
A Al-Qaeda expressou seu apoio aos protestos. Na sexta-feira, um grupo ligado ao grupo terrorista, o Estado Islâmico do Iraque, chamou os sunitas para usarem a violência contra o governo.
Os sunitas podem se curvar aos xiitas ou pegar em armas para restaurar a “dignidade e a liberdade”, disse o porta-voz do grupo, Mohammed al-Adnani, em comunicado em áudio postado no site do grupo.
O primeiro-ministro Nouri al-Maliki disse que membros da Al-Qaeda e do regime deposto de Saddam Hussein estão envolvidos nos protestos.
Já os organizadores afirmam não ter ligações com a Al-Qaeda. “Esta organização representa apenas a si mesma e eles não nos representam”, disse Saeed Humaim, líder ativista de Ramadi, a respeito do Estado Islâmico do Iraque. Os manifestantes exigem a libertação de prisioneiros sunitas e o cancelamento da dura lei de contraterrorismo e de outras políticas, que segundo eles têm como alvo os sunitas. As informações são da Associated Press.