Militantes sunitas ocuparam uma passagem da fronteira entre o Iraque e a Síria após uma batalha que deixou cerca de 30 soldados iraquianos mortos, informaram as autoridades de segurança do país neste sábado. A tomada da fronteira, na cidade de Qain, é mais um golpe contra o governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, alvo de descontentamento de sunitas e curdos. O premiê tem lutado contra os extremistas islâmicos, que já ocuparam importantes áreas do Iraque, incluindo Mosul, a segunda maior cidade do país.

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Oficiais do exército afirmaram que a milícia Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) e outros rebeldes aliados tomaram a passagem na fronteira com a Síria neste sábado, após um dia de confronto com as tropas iraquianas. Segundo os militares, após a ocupação o trânsito de pessoas entre os dois pises está acontecendo livremente, o que permite que os militantes obtenham armamentos com mais facilidade.

O episódio reforça a crescente pressão para a formação de um novo governo no Iraque. A Casa Branca, que também defende a saída de Al-Maliki do poder, culpa o primeiro-ministro pela pior crise desde a retirada das tropas norte-americanas do país, no final de 2011.

Após a declaração do presidente dos Estados Unidos Barack Obama na quinta-feira, o líder espiritual da maioria xiita do Iraque, grande aiatolá Ali al-Sistani, também pediu um novo e “efetivo” governo para o país. “É necessário que os blocos políticos que venceram a eleição comecem um diálogo que forme um governo efetivo, que tenha amplo apoio nacional, evite erros do passado e abra novos horizontes na direção de um futuro melhor para todos os iraquianos”, disse em comunicado.

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Os comentários do líder religioso podem forçar a saída do governo, uma vez que al-Sistani é profundamente reverenciado pela maioria xiita do Iraque e normalmente não se envolve em questões políticas.

No entanto, em resposta à ocupação da fronteira, milhares de xiitas fortemente armados desfilaram por várias cidades iraquianos neste sábado. Em Bagdá, cerca de 20 mil homens equipados com fuzis, lançadores de mísseis e metralhadoras marcharam pela cidade. Os desfiles foram encenados por seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr, que já liderou lutas contra tropas norte-americanas e foi responsabilizado por assassinatos em massa de civis sunitas durante o derramamento de sangue sectário, em 2006 e 2007. Fonte: Dow Jones Newswires e Associated Press.

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