Cinco banqueiros suíços foram condenados por lavagem de dinheiro no caso de corrupção envolvendo fiscais de renda do Rio de Janeiro durante a gestão do ex-governador Anthony Garotinho. Os executivos dos bancos suíços vão ainda apelar contra a decisão. A condenação de banqueiros não é uma prática comum na Suíça e a decisão do Tribunal Penal Federal chamou a atenção do mercado financeiro. O processo ainda confirmou o envolvimento de um banco suíço diretamente com esquemas de corrupção no Brasil, uma alegação que os tradicionais estabelecimentos suíços sempre se negaram a confirmar.
Os banqueiros pegaram entre 405 e 486 dias de prisão, além de multas que variam entre US$ 12 mil e US$ 59 mil. Outros US$ 59 mil devem ser pagos por cada banqueiro para cobrir os custos do processo. Para advogados, a pena foi leve. O Ministério Público Suíço havia pedido a prisão de até 30 meses. Os banqueiros foram acusados de terem colaborado na transferência de US$ 45 milhões entre o Rio de Janeiro e contas em Genebra. Para o juiz Jean Luc Bachera, os banqueiros não verificaram a origem do dinheiro enquanto trabalhavam para o Discount Bank & Trust Company (DBTC).
Para o juiz suíço Brent Holtkamp, “os banqueiros sabiam plenamente do esquema de corrupção no Brasil e poderiam ter evitado a lavagem de dinheiro cometida pelos brasileiros”. O caso envolveu os fiscais de Renda da gestão do ex-governador Anthony Garotinho. Na Suíça, a evasão fiscal cometida no exterior não é considerada crime, nem mesmo se bancos locais forem usados. No caso do Brasil, porém, o Ministério Publico estima que o esquema de corrupção contou com a participação de bancos locais.
O caso foi descoberto em julho de 2002, quando o Discount Bank & Trust Cie (DBTC) foi comprado pelo Union Bancaire Privee (UBP). Nas investigações internas feita pelos novos proprietários do banco, um caso chamou a atenção: o esquema dos fiscais de renda do Rio de Janeiro. O esquema no Rio envolveu o envio desse dinheiro entre o Brasil e bancos na Suíça entre 1999 e 2000 por quatro fiscais de renda do governo e quatro auditores da Receita Federal. Entre os envolvidos estava o ex-subsecretário de Administração Tributária do Rio na gestão de Garotinho, Rodrigo Silveirinha, que teria enviado US$ 8,9 milhões para a Suíça.
Segundo as investigações, o dinheiro viria de propinas pagas por empresas em troca de benefícios fiscais. Silveirinha era responsável pela fiscalização de cerca de 400 empresas e trabalhava com Garotinho desde 98. Foi ainda o coordenador econômico de Rosinha Matheus na campanha ao governo do Rio. No Brasil, os fiscais cariocas já foram condenados e cumprem penas que variam entre 14 e 17 anos por lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa.