O parlamento da Suécia aprovou hoje, por pequena margem de votos, uma resolução que reconhece que os assassinatos de armênios ocorridos em 1915 na Turquia foram um genocídio. Em protesto contra a decisão do parlamento sueco, o governo turco chamou sua embaixadora. “Depois de 95 anos, é hora desse povo que sofreu por tanto tempo obter reparação”, disse Gulan Avci, legislador do Partido Liberal que não seguiu as ordens de seu partido e apoiou a medida, proposta pela oposição de esquerda. Avci é um imigrante curdo da Turquia.
O governo de centro-direita da Suécia se opôs à medida, mas ela foi aprovada por 131 votos a 130 porque vários legisladores de centro-direita não seguiram as diretrizes de seus partidos. Oito legisladores da assembleia de 349 integrantes se abstiveram. A medida foi tomada na Suécia uma semana depois de um comitê do Congresso dos Estados Unidos ter aprovado resolução similar.
Historiadores estimam que cerca de 1,5 milhão de armênios foram mortos por turcos otomanos no final da Primeira Guerra Mundial. A Turquia nega que as mortes constituam genocídio, dizendo que o número de mortos foi inflado e que os mortos foram vítimas de uma guerra civil e de brigas entre grupos.
A Turquia chamou sua embaixadora na Suíça imediatamente apois a votação, e a agência de notícias Anatólia informou que o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan cancelou uma visita que faria à Suécia no dia 17 de março. “Nós condenamos a decisão. Nosso governo e nosso povo rejeita fortemente a resolução, prejudicada por grandes erros e desprovida de fundamento”, disse o governo turno em comunicado.
A resolução também considerou genocídio as mortes de assírios e gregos pontianos, grupos étnicos que também sofreram sob os turcos otomanos. O ministro de Relações Exteriores da Suécia, Carl Bildt, lamentou a decisão do Parlamento, dizendo que “ele infelizmente não terá um efeito positivo no atual processo de normalização entre a Turquia e a Armênia”.
O comitê do Congresso norte-americano aprovou uma medida similar por 23 votos a 22 que será enviada para o plenário da Câmara dos Representantes, se a liderança decidir levá-la para discussão. Minutos depois da votação, a Turquia retirou seu embaixador dos Estados Unidos. A embaixadora turca na Suécia, Zergun Koruturk, disse à Anatólia que a decisão do Parlamento foi danosa para as relações entre os dois países.
“Eu espero que eles estejam cientes do dano que provocaram aqui”, disse ela. Os países que reconheceram o episódio como genocídio incluem Uruguai, Chile, Argentina, Rússia, Canadá, Líbano, Bélgica, Grécia, Itália, o Vaticano, França, Suécia, Eslováquia, Países Baixos, Polônia, Lituânia e Chipre.