O governo do Sudão está bloqueando a entrega de ajuda a milhares de pessoas que fugiram do confronto nas regiões de fronteira disputadas no norte e no sul do país, denunciou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Segundo a entidade, autoridades do norte do Sudão têm impedido que aviões aterrissem em Kadugli há uma semana.
Milícias aliadas ao norte também bloquearam estradas para impedir o acesso por terra. Na capital do estado de Kordofan, no sul do país, confrontos acontecem entre as Forças Armadas do Sudão, do norte, e soldados do Exército da Libertação do Povo, do sul. O Acnur relatou que pelo menos dez pessoas foram mortas no conflito na semana passada e que ataques aéreos ainda podem ser escutados na região.
Novo Darfur
O arcebispo da Cantuária, Rowan Williams, líder da Igreja Anglicana, alertou hoje do perigo de um “novo Darfur” após civis serem bombardeados nas regiões fronteiriças entre norte e sul. Essas tensões fronteiriças, como em Abyei e no estado de Kordofan, ameaçam o acordo de paz de 2005 que pôs fim a duas décadas de guerra no Sudão, durante a qual mais de 2 milhões morreram.
O líder religioso pediu ao governo britânico que tenha “um papel importante” nos esforços para assegurar o acesso humanitário e a segurança para as pessoas em meio ao derramamento de sangue. O arcebispo ainda disse que, além do grande desafio humanitário, “o risco de outra situação como a de Darfur, em que a população civil está à mercê do terror patrocinado pelo governo, é real”. As informações são da Associated Press.