Sucessão de Fidel é ignorada na rua e na mídia de Cuba

Com exceção do esquema de segurança reforçado nas ruas próximas do Palácio das Convenções, ao lado do Hotel Palco, no leste da cidade, nada em Havana indicava que o processo de sucessão do líder Fidel Castro estava em marcha. Nenhum tipo de celebração popular pela eleição e posse da nova Legislatura estava previsto e as emissoras de TV seguiam com sua programação normal. A nota do jornal oficial Granma sobre a instalação da Assembléia não mereceu mais do que um texto de 20 linhas na primeira página – espaço menor ao dedicado à notícia da morte do ator brasileiro Rubens de Falco, publicada em um quarto da última página do tablóide.

A única alteração perceptível na rotina da cidade estava na praça em frente do edifício do Escritório de Interesses dos EUA, onde as 138 bandeiras negras – que servem para bloquear a visão do letreiro que, das janelas do prédio, enviam mensagens ao povo cubano – foram substituídas por bandeiras de Cuba. Só depois de confirmada a indicação de Raúl Castro para a presidência do Conselho de Estado, a TV cubana passou a transmitir seu discurso.

?Parece que as coisas que acontecem aqui causam mais comoção no restante do mundo do que em Cuba?, disse o comerciante Silvio Rodríguez, que vende artesanato em Havana Velha, o centro histórico da capital. ?Nós estamos tranqüilos. Sabemos que os deputados que elegemos para a Assembléia em janeiro estão nos representando e tomarão as decisões que nós mesmos tomaríamos.

?A sociedade cubana não está sujeita aos valores burgueses da sociedade de consumo, como em outros países?, afirma, em conversa com alguns colegas estrangeiros, o jornalista cubano Ricardo Martínez. ?Uma eleição ou uma sessão legislativa aqui em Cuba é parte de um conjunto sóbrio de decisões políticas, e não um espetáculo de mídia.?

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