A subcomissária da Polícia Metropolitana de Londres Cressida Dick, que comandava a operação de combate ao terrorismo que culminou no assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes, negou que tenha dado ordem aos policiais para que atirassem nele. Em uma audiência do julgamento da Polícia Metropolitana de Londres pela morte de Jean Charles realizada nesta sexta-feira (19) na Corte Criminal Central de Londres, Cressida Dick disse ter ordenado aos policiais que parassem o brasileiro, um inocente confundido com um suspeito de terrorismo.
Segundo ela, "parar é um termo normalmente usado pela polícia no mundo para dizer que um suspeito deve ser abordado ou detido". Ela disse ter ordenado que Jean Charles fosse parado e pensou que os policiais tivessem realizado uma "abordagem convencional" para impedir que o brasileiro entrasse na estação de Stockwell. Jean Charles de Menezes, de 27 anos, foi morto pela polícia britânica com sete tiros na cabeça já dentro de um vagão do metrô de Londres em 22 de julho de 2005.
Duas semanas antes, quatro homens-bomba promoveram atentados suicidas que provocaram a morte de 52 pessoas em três estações de metrô e um ônibus na capital britânica. Um dia antes da morte de Jean Charles houve uma tentativa fracassada de novos atentados contra Londres. A polícia, que mais tarde pediu desculpas pelo erro, alegou ter confundido Jean Charles com um dos suspeitos dos atentados fracassados do dia anterior à morte do brasileiro.
No processo movido contra a Polícia Metropolitana de Londres, os promotores afirmam que uma sucessão de erros em série resultou na morte de Jean Charles e colocou em risco a vida de pessoas próximas no momento dos acontecimentos. A corporação alega ter atuado em legítima defesa em um momento de profunda insegurança e que foi difícil identificar o brasileiro porque ele teria fisionomia parecida com a do extremista Hussain Osman, procurado na ocasião.