Um dos grandes problemas para a população do Haiti, após o terremoto de 7 graus na escala Richter do último dia 12, é encontrar um lugar para dormir. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas, 1 milhão de pessoas – um em cada nove habitantes do país – precisa de abrigo. A questão é que não há barracas nem prédios desocupados seguros para abrigá-las.

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Pode levar semanas até que os especialistas busquem locais adequados para a instalação de acampamentos para o refugiados, revelou no domingo a Organização Internacional para Migração, uma agência intergovernamental. “Nós também precisamos de barracas. Há falta de barracas”, disse Vincent Houver, o chefe da missão no Haiti da agência sediada em Genebra.

Houver disse que o depósito da agência em Porto Príncipe tem 10 mil barracas do tamanho família, mas ele estima que 100 mil sejam necessárias. A organização fez um apelo para arrecadar os US$ 30 milhões necessários para a compra das barracas e outras necessidades, mas até agora recebeu dois terços desse valor, disse ele.

O governo do Haiti estima que 700 mil pessoas estejam se abrigando sob lençóis, placas de madeixa ou plásticos em áreas abertas de Porto Príncipe, cidade de 2 milhões de habitantes.

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Funcionários estimam que cerca de 235 mil aproveitaram a oferta de transporte gratuito para deixar a cidade e que muitos outros partiram por conta própria, alguns a pé. Estima-se que entre 50 mil e 100 mil retornaram para a região ao redor da cidade costeira de Gonaives, norte do país, cidade abandonada por muitas pessoas após duas enchentes devastadoras em seis anos.

Mortos

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Mais de 150 mil vítimas do terremoto foram enterradas pelo governo, disse uma funcionária ontem, mas a contagem não inclui os corpos que ainda estão sob os escombros e os enterrados ou cremados por parente ou ainda os mortos em áreas remotas. “Ninguém sabe quantos corpos estão sob os escombros”, disse a ministra de Comunicações Marie-Laurence Jocelyn Lassegue.

Marie-Laurence disse que os números do governo sobre os enterrados são referentes apenas à área da capital e são baseados em dados da CNE, a empresa estatal que está coletando os corpos e os enterrando no norte de Porto Príncipe. Esse número tende a confirmar a estimativa de 200 mil mortos divulgada na semana passada pela Comissão Europeia, citando fontes do governo haitiano.

Até esta segunda-feira, a ONU relatou pelo menos 112.250 mortes confirmadas, com base nos corpos recuperados.

O número final certamente vai colocar o terremoto do Haiti entre as mais mortíferas catástrofes naturais dos últimos tempos, que incluem o ciclone em Bangladesh em 1970, que teria matado 300 mil pessoas; o terremoto no nordeste da China em 1974, que matou pelo menos 242 mil; e o tsunami no Oceano Índico em 2004, com 226 mil mortos.

Ajuda

A entrega de comida chegou a 500 mil pessoas pelos pelo menos uma vez, segundo um relatório da ONU divulgado no domingo, mas 2 milhões de pessoas ainda precisam receber ajuda.

Representantes de vários países do mundo reúnem-se hoje em Montreal, no Canadá, para discutir formas de melhor coordenar a ajuda ao Haiti.

Vários países prometeram um total de US$ 1 bilhão em ajuda emergencial para o Haiti. Organizadores do programa “Hope for Haiti Now”, que foi ao ar na noite de sexta-feira, informaram ter arrecadado US$ 57 milhões, mas as doações continuam.