O número de mortos no acidente de ontem com um trem em Buenos Aires subiu para 50 e a quantidade de feridos também foi elevada, para 703, informou na manhã desta quinta-feira o subsecretário de Direitos Humanos, Claudio Avruj. O diretor de Defesa Civil, Daniel Russo, informou que ainda faltam identificar 11 corpos – seis homens e cinco mulheres – que não tinham documentação. O acidente ocorreu às 8h32 (9h32 de Brasília), quando um trem composto por oito carros, procedente de Moreno, subúrbio da capital federal, entrou na estação Once, um dos principais centros nevrálgicos de conexão de transportes públicos da cidade. O trem não conseguiu frear e bateu contra a barreira de proteção hidráulica no final da plataforma da estação.
O impacto e a força inercial dos últimos seis carros pressionaram o segundo, que se incrustou no primeiro, avançando cerca de sete metros, deixando cerca de 130 passageiros presos entre as ferragens. Os feridos e mortos estavam concentrados nestes dois primeiros vagões. O diretor do Serviço de Atenção Médica de Emergência (Same), Alberto Crescenti, informou que os passageiros tiveram ferimentos graves. Alguns sofreram fraturas e outros tiveram membros amputados para possibilitar o resgate. O acidente – o terceiro mais grave da história ferroviária do país, ocorreu na linha Sarmiento, onde viajavam entre 1.200 a 1.500 passageiros, segundo o secretário de Transporte da Argentina, Juan Pablo Schiavi.
O diretor do departamento de Material Circulante da empresa TBA, concessionária da linha Sarmiento, Roque Cirigliano, afirmou hoje à imprensa que o serviço prestado nesse ramal “é aceitável”. Ele negou que a empresa não tenha realizado os investimentos necessários e afirmou que na TBA “há mais investimentos que em outras companhias”. Mas ele não detalhou valores. O diretor é primo dos donos da empresa, os irmãos Claudio e Mario Cirigliano, que também possuem a concessão de outra linha no país, a Mitre.
Para a Auditoria Geral da Nação (AGN), organismo responsável pela fiscalização do Executivo, Leandro Despouy, “as condições estão dadas para que o Estado possa proceder a rescisão do contrato de concessão, porque o acidente foi uma consequência direta do descumprimento de normas básicas”. Em entrevista a uma rádio local, Despouy relatou que, em 2008, a AGN realizou uma pesquisa sobre as concessões dos trens, mostrando “as deficiências apresentadas pelo serviço ferroviário dessa linha”. Ele disse que “a situação era desastrosa”, especialmente no que diz respeito ao “sistema de freios”.