Pelo menos 44 pessoas morreram e cerca de 150 ficaram feridas em dois ataques com carros-bomba em Damasco, na Síria, ontem (23). O governo rapidamente denunciou as explosões como prova de suas alegações de que não está lutando contra uma revolta popular, mas contra “terroristas” que têm a intenção de derrubar o regime. Já a oposição acusou o regime de estar por trás dos ataques, a fim de usar o caso após a chegada, na quinta-feira, de observadores árabes ao país.
As explosões deixaram um rastro de destruição, com corpos mutilados no chão em frente à sede do Departamento de Inteligência Geral e a uma sucursal nas proximidades da inteligência militar, duas agências que têm desempenhado desde março um papel significativo na campanha de repressão aos protestos contra Assad. A TV estatal síria informou que investigações iniciais indicavam um possível envolvimento da rede extremista Al-Qaeda.
Funcionários do governo levaram a equipe de observadores da Liga Árabe para o local a fim de que eles pudessem ver os destroços. O vice-ministro das Relações Exteriores, Faysal Mekdad, afirmou que as explosões reforçam as alegações do governo de que os distúrbios que ocorrem no país desde março são fruto do trabalho de terroristas. “Nós dissemos isso desde o princípio”, afirmou a autoridade a repórteres.
As explosões são o primeiro ataque do tipo na capital síria desde o início do levante contra o presidente Bashar Assad em março. Na quinta-feira, uma equipe da Liga Árabe chegou ao país, em uma missão para tentar enviar observadores internacionais e acabar com a crise interna. O governo afirma que o levante é o trabalho de terroristas e gangues armadas.
O opositor Conselho Nacional da Síria acusou o governo de ser “diretamente responsável” pelos atentados. “O regime sírio, sozinho, carrega toda a responsabilidade pelas duas explosões terroristas”, segundo um comunicado do grupo. “O governo queria enviar uma mensagem de aviso para os observadores (da Liga Árabe) para que não se aproximassem dos centros de segurança.”
As Nações Unidas afirmam que mais de cinco mil pessoas foram mortas no país na repressão ao levante popular por democracia desde março. Após a chegada da equipe da Liga Árabe, Damasco afirmou que mais de 2 mil pessoas foram mortas por causa da violência, entre agentes das forças de segurança e soldados. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.