Milhares de pessoas invadiram hoje cidades por toda a Síria, em uma das maiores manifestações contra o regime do presidente Bashar Assad desde que o levante teve início, há mais de três meses. Pelo menos 12 pessoas morreram em vários confrontos, informaram ativistas.
Os protestos destacam a resiliência dos manifestantes, apesar da dura repressão do governo. Grupos de direitos humanos sírios dizem que mais de 1.400 pessoas já foram mortas, a maioria manifestantes desarmados, desde meados de março. O regime contesta esse número, responsabilizando “bandidos armados” e conspiradores internacionais pelo levante que representa o desafio mais sério aos 40 anos da dinastia da família Assad no poder.
O ativista Mustafa Osso disse que grandes multidões se espalharam pelas ruas após as orações do meio-dia em todo o país, incluindo na capital Damasco. Dentre as maiores aglomerações estava a da cidade de Hama, região central do país, onde cerca de 200 mil pessoas foram para as ruas, disse Omar Idilbi, porta-voz dos Comitês de Coordenação Locais, que acompanham os protestos na Síria. Já a televisão estatal síria divulgou imagens de manifestantes pró-governo em diferentes partes do país, que carregavam bandeiras sírias e pôsteres com a imagem de Assad.
Idilbi disse que as forças de segurança mataram pelo menos três pessoas em Homs, também na região central do país, após abrirem fogo contra os manifestantes. A televisão estatal disse que homens armados começaram a atirar contra policiais, ferindo um deles e matando um civil.
Mais tarde, os Comitês de Coordenação Locais emitiram um comunicado dizendo que mais seis manifestantes foram mortos a tiros em outras partes do pais, dentre eles dois em Damasco. Idilbi também disse que, aparentemente, partidários do governo à paisana esfaquearam manifestantes, deixando pelo menos 12 feridos em Homs.
Em outros confrontos, três pessoas foram assassinadas durante uma operação militar cujo objetivo era sufocar o fluxo de refugiados que se dirige para a fronteira com a Turquia, disse Rami Abdul-Rahman, diretor Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres. Mais de 10 mil sírios já buscaram refúgio em campos instalados na Turquia.
O governo sírio proibiu a atuação da mídia estrangeira no país e restringe a cobertura de órgãos de imprensa locais, o que torna difícil confirmar de forma independente as informações. Um vídeo postado na página dos Comitês de Coordenação Centrais no Facebook, mostra dezenas de pessoas marchando do lado de fora de uma mesquita do bairro de Midan, região central de Damasco, gritando “Fora Bashar, a Síria é livre”. As informações são da Associated Press.