O governo de Omã tomou nesta segunda-feira outra ação para acabar com os protestos no país, alterando o gabinete ministerial, inclusive com a saída do poderoso ministro da Economia. A mudança foi a segunda na equipe em dois dias, voltada a acabar com os dez dias de protestos que deixaram pelo menos um morto e já geraram revoltas em outros países árabes, informa o Wall Street Journal.
“Este foi realmente o caso de se ouvir as demandas do povo”, afirmou um funcionário do governo, presente em um encontro de ministros das Relações Exteriores do Golfo Pérsico em Abu Dabi.
Os manifestantes na capital de Omã, Mascate, e na cidade de Sohar, no norte, exigem um aumento no salário mínimo para 500 rials (US$ 1.300) mensais, além de poderes legislativos para um órgão consultivo e a substituição de ministros. O governo já elevou o salário mínimo em 40%, para 200 rials, e iniciou reformas, entre elas a criação de um seguro-desemprego e mais bolsas para estudantes.
A promotoria pública também anunciou que investigará os protestos da semana passada, que queimaram um supermercado e uma delegacia em Sohar. Os manifestantes, porém, insistem que não querem derrubar o sultão Qaboos bin Said Al Said, que comanda Omã há mais de 40 anos. Eles dizem que atacam apenas um setor do governo muito ligado ao empresariado local.
“A mudança no gabinete era a demanda mais urgente dos manifestantes”, disse Ibtisam Al Ketbi, professor de Ciência Política na Universidade dos Emirados Árabes. “Agora o governo irá esperar para ver qual o impacto disso no povo. Eles não vão caminhar diretamente para mais concessões.”
A mais importante vítima da mudança foi o ministro da Economia, Ahmad Mekki, mas o sultão Qaboos também substituiu o ministro do Interior, Saud bin Ibrahim al-Bousaidi, e pelo menos três ministros apontados na semana passada, disse o funcionário.
Omã é um país de 3 milhões de habitantes, o mais pobre do Conselho para a Cooperação do Golfo, que inclui Emirados Árabes, Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait e Catar. A localização na extremidade sudeste da Península Arábica dá ao país parte do controle sobre o Estreito de Ormuz, mais importante rota mundial para transporte de petróleo. As informações são da Dow Jones.