O governo da Coreia do Sul colocou ontem suas forças em estado de alerta e disse estar pronto para responder a qualquer agressão militar da Coreia do Norte. A advertência de Seul foi feita depois de navios-patrulha de ambos os países vizinhos terem trocado tiros na terça-feira, no primeiro conflito entre as duas Coreias em sete anos. Emissoras de TV de Seul dizem que um militar norte-coreano morreu e três ficaram feridos, mas a Coreia do Norte não confirmou a informação.
O confronto não deve frustrar os planos de Washington de enviar um representante a Pyongyang para discutir o programa nuclear norte-coreano, disse ontem a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. O incidente fez crescer os rumores de que o líder norte-coreano, Kim Jong-il, esteja tentando fomentar a tensão para tirar vantagens de uma possível negociação com os Estados Unidos. O governo de Pyongyang qualificou o incidente de “conspiração” de Seul, com o objetivo de aumentar a tensão entre os dois países, informou o diário “Rodong Sinmun”.
O confronto “não afeta de maneira nenhuma nossa decisão” de enviar um representante a Pyongyang para discutir sobre o programa nuclear norte-coreano, disse Hillary. “Pensamos que este é um passo importante que será mantido.” Os EUA tentam convencer a Coreia do Norte a retornar ao grupo de países que discutem o desarmamento nuclear – EUA, Rússia, França, Japão e Coreia do Sul. Desde janeiro, os representantes de Kim não participam do grupo.
Seul e Pyongyang trocam acusações sobre quem teria dado início, ontem, ao conflito. Para a Coreia do Sul, um navio militar norte-coreano violou os limites fixados em 1953 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a oeste da Península Coreana. Depois de tentar contato por rádio cinco vezes, a embarcação sul-coreana teria recebido 50 disparos como resposta. Os sul-coreanos responderam efetuando 200 disparos que acabaram incendiando o navio norte-coreano. Seul enviou mais dois navios à região.