Bombas incendiárias foram jogadas contra um ônibus lotado em Bangladesh, na manhã desta terça-feira, matando pelo menos sete pessoas e deixando 16 feridas. O ataque aconteceu durante uma greve nacional convocada pela oposição.
A ação, realizada ainda de madrugada, aconteceu quando o veículo viajava da cidade costeira de Cox’s Bazar para a capital, Daca, informou Uttam Chakrabarty, chefe de polícia do distrito de Comilla, onde o ataque aconteceu, cerca de 90 quilômetros a leste da capital.
O policial disse que ativistas da oposição realizaram o ataque, mas o grupo negou. Chakrabarty informou que os feridos foram hospitalizados e que a maioria sofreu queimaduras.
Ataques políticos – a maioria com o uso de bombas incendiárias – mataram pelo menos 53 pessoas desde o início de janeiro no país, quando uma aliança opositora liderada pela ex-primeira-ministra Khaleda Zia convocou um bloqueio nacional dos transportes numa tentativa de forçar a premiê Sheikh Hasina a renunciar. As duas são antigas inimigas políticas.
Desde que o bloqueio aos transportes foi ordenado por Zia, a maioria dos veículos que transita pelas estradas conta com escolta policial ou dos guardas paramilitares de fronteira. O ônibus atacado nesta terça-feira não tinha essa proteção.
O partido de Zia e seus aliados boicotaram as eleições de 2014, após terem recebido a informação de que não haveria monitores neutros supervisionando o pleito. Isso permitiu que Hasina conquistasse um novo mandato de cinco anos. Segundo a premiê, novas eleições não serão realizadas até 2019.
Os novos episódios de violência encerram um período de um ano de relativa calma em Bangladesh, onde a política costuma ser acompanhada por atos de violência. Em 2013, 300 pessoas morreram em episódios relacionados à política no país.
O derramamento de sangue é condenado por países ocidentais e pela Organização das Nações Unidas, que pede um diálogo entre os dois lados.
Mas o partido Jamaat-e-Islami party, principal parceiro do Partido Nacionalista de Bangladesh, do qual Zia faz parte, é uma pedra no caminho. Hasina diz que Zia poderia ajudar a iniciar as negociações retirando o Jamaat-e-Islami de sua aliança.
O Jamaat-e-Islami é forte opositor de Hasina, que acusou líderes da legenda durante julgamentos por crimes de guerra cometidos durante a guerra pela independência do país do Paquistão em 1971. O Jamaat-e-Islami se opôs à guerra de nove meses, que foi liderada pelo pai de Hasina, o líder opositor Sheikh Mujibur Rahman.
Oito importantes líderes do Jamaat-e-Islami, dentre eles o chefe do partido, Rahman Nizami, foram condenados durante os julgamentos e um deles foi condenado à morte por enforcamento.
Zia foi primeira-ministra entre 2001 e 2006, mas não entregou o poder de forma pacífica. Um governo militar interino governou o país por dois anos antes de Hasina chegar ao poder nas eleições de 2008.
Fonte: Associated Press.