Os líderes insurgentes da região de Donetsk estão preparando uma carta para o primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, solicitando que ele apoie a causa separatista, disse um dos representantes dos rebeldes nesta terça-feira.
O movimento ocorre dois dias depois de separatistas das regiões de Donetsk e Luhansk realizarem referendos solicitando a sua soberania, uma votação que eles declararam como vitoriosa. O governo interno da Ucrânia, a União Europeia e os Estados Unidos condenaram o pleito. A Rússia, por sua vez, disse que respeita o resultado como a vontade do povo.
Os líderes separatistas pró-Rússia enxergam em Salmond, que além de premiê é membro do Partido Nacionalista Escocês, como um potencial aliado ocidental uma vez que ele luta pela independência de sua região do Reino Unido. A Escócia irá realizar um referendo em 18 de setembro para definir sua soberania.
“Eu acho que a Escócia vai entender”, disse Andrei Kramar, que se apresentou como um dos dois representantes oficiais da autoproclamada República Popular de Donetsk na Rússia, em uma coletiva de imprensa em Moscou. “Esperamos que ele explique para o Ocidente porque as regiões de Donetsk e Luhansk deram esse passo.” Ele admitiu, no entanto, que as circunstâncias da Escócia e no sudeste da Ucrânia são um pouco diferentes.
Kramar disse que a República Popular de Donetsk faz planos para pedir outros líderes ao redor do mundo o reconhecimento e apoio às causas separatistas. Na coletiva de imprensa, Alexei Muratov, o segundo representante russo para o território insurgente, disse a um repórter de Cuba que era importante que o seu líder, Raúl Castro, manifestasse também o seu apoio.
Ele descreveu o líder cubano como próximo dos separatistas “em espírito”. Muitos dos rebeldes pró- russos da Ucrânia tem um olhar com carinho sobre a era soviética, quando o Kremlin cultivava relações estreitas com a Cuba socialista.
Existem algumas diferenças marcantes entre o referendo agendado na Escócia e os plebiscitos polêmicos que ocorreram no domingo no sudeste da Ucrânia. O governo britânico aprovou um referendo escocês e prometeu reconhecer seu resultado. Já no caso de Donetsk e Luhansk, o governo interino de Kiev têm descrito os votos como criminais.
No meio da crise Ucrânia, Salmond se envolveu em polêmica quando disse em uma entrevista no mês passado que admirava “certos aspectos” do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e elogiou-o por buscar restaurar “uma parte substancial do orgulho russo”. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, mais classificou os comentários de Salmond como “um grande erro de julgamento”.
Após a declaração dos insurgentes, o governo escocês não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Fonte: Dow Jones Newswires.