O general Abdul Rashid Dostum voltou do exílio na noite de hoje (horário local) da Turquia, em uma aparente tentativa do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, de atrair o voto do grupo étnico usbeque nas eleições de 20 de agosto. Os Estados Unidos condenaram imediatamente o retorno do general e lembraram das acusações de suposto envolvimento do militar em “violações maciças aos direitos humanos”. Dostum é acusado de ser responsável pelo massacre de mais de dois mil prisioneiros do grupo fundamentalista Taleban no começo da guerra entre os EUA e o grupo islâmico, no final de 2001.

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Um diplomata na Embaixada dos EUA em Cabul disse que Washington “deixou bem claro ao governo do Afeganistão nossas sérias preocupações com a perspectiva sobre o papel que o Sr. Dostum pode ter no Afeganistão atual, ainda mais antes dessas históricas eleições”, disse o diplomata, que falou sob condição de anonimato. “As questões que envolvem o Sr. Dostum viraram muito graves com sua volta ao Afeganistão nesta época. Entre outras preocupações, suas ações passadas levantam dúvidas sobre sua culpa em violações maciças dos direitos humanos.”

Dostum desceu normalmente do avião no Aeroporto de Cabul e foi saudado com entusiasmo por seus partidários, mas não fez nenhum comentário. Os usbeques, um povo de língua turca, somam entre 6% e 8% da população total do Afeganistão. Eles vivem no norte, perto da fronteira com a ex-república soviética do Usbequistão.

No ano passado, Dostum foi suspenso do comando do Estado Maior das forças armadas afegãs por falhar na cooperação de um incidente, no qual ele foi acusado de atirar em um oficial rival. Karzai reinstalou Dostum em junho no cargo, que é visto como amplamente cerimonial, numa tentativa de conseguir os votos da minoria usbeque.

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Testemunhas contam que Dostum colocou pelo menos dois mil prisioneiros do Taleban em contêineres no final de 2001, após uma batalha. Ele enganchou os contêineres em carretas e dirigiu os veículos até a prisão de Sheberghan, onde quase todos chegaram mortos depois de viajarem dois dias sem água nem comida. Os corpos teriam sido enterrados em covas coletivas, de acordo com um relatório do Departamento de Estado do governo norte-americano.

Na época, tropas norte-americanas trabalhavam em aliança com Dostum, já que o esforço comum era derrubar o Taleban após os ataques terroristas de 11 de setembro contra os EUA. O presidente norte-americano, Barack Obama, ordenou uma investigação do massacre, baseadas em reportagens do jornal “The New York Times” de que a administração do seu antecessor George W. Bush fracassou, na época, em investigar o massacre contra o Taleban.

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Histórico

Ex-líder sindical, Dostum apoiou a invasão soviética do Afeganistão em 1980, porém mais tarde rompeu com os comunistas e se aliou aos mujaheddin. Em 1992, ele se aliou a Ahmad Shas Massoud, chefe da Aliança do Norte, e suas tropas tiveram papel importante na queda de Cabul. No entanto, em 1996, o Taleban capturou Cabul e Dostum fugiu para Mazar-e-Sharif.

Ele foi acusado de permitir a entrada das milícias do Taleban na cidade em 1997, quando milhares de afegãos da etnia hazara foram massacrados. Dostum então fugiu para a Turquia, de onde voltou apenas em 2001, como aliado da Aliança do Norte, para ajudar a derrotar o Taleban. Dostum nega qualquer envolvimento na morte dos dois mil milicianos em 2001.